AS BALANÇAS




BALANÇA Antes de serem enviados para o trabalho dos artífices, os metais em estado bruto eram pesados. As cenas que mostram os artesãos transformando metais em obras de arte incluem, regularmente, a representação da pesagem da matéria-prima em uma balança, como a da ilustração ao lado, de um túmulo da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.). A balança egípcia, na sua forma mais simples, consistia de um travessão de madeira suspenso em seu ponto central por uma corda sustentada na mão e furado nas extremidades para receber uma corda com gancho para os pratos. Num deles eram colocados os pesos e no outro, o metal.

Pelo menos a partir da V dinastia (c. 2465 a.C.) o travessão passou a ser sustentado por uma escora perpendicular. Uma linha com prumo era pendurada paralelamente à escora, de maneira que o usuário pudesse checar a acurácia do instrumento comparando o prumo com uma taboa retangular presa em ângulo reto ao braço da balança. Com o passar do tempo foram feitas melhorias que aumentaram a precisão do instrumento, mas o princípio básico da pesagem permaneceu inalterado durante todo o período dinástico.

A partir do Império Médio os pratos passaram a ser sustentados por quatro cordas. No Império Novo dois refinamentos adicionais aumentaram a precisão da balança: a taboa retangular foi substituida por um fiel pontiagudo de metal e foram introduzidos travessões tubulares, terminados em abas na forma de lótus ou papiro, de forma que as cordas dos pratos emergiam juntas do interior do travessão e só divergiam a partir do ponto inferior das extremidades das abas. Esse é o tipo das elaboradas balanças que são mostradas nas vinhetas do Livro dos Mortos do Império Novo.

Até o período ptolomaico esses instrumentos foram usados, já que os arqueólogos encontraram pratos de balanças dessa época feitos de bronze ou mesmo de prata. Dois desses últimos, pertencentes atualmente ao Museu Britânico de Londres, têm inscrições hieroglíficas referentes à deusa Hátor, provavelmente porque essa balança era empregada nos ritos religiosos do templo da divindade em Dendera. No período romano, entretanto, parece que as balanças desapareceram do uso diário, a julgar por ilustrações que denotam que o artista estava reproduzindo algo sobre o qual não tinha conhecimento direto.

Os pesquisadores também encontraram, em grande quantidade, os pesos que eram usados com tais balanças. A maior parte era feita com as pedras mais duras e de formato simples e sem qualquer marcação de valor, havendo diferentes padrões em uso. São raros os pesos com formatos de animais ou marcados com valores e o padrão ao qual pertenciam. O museu Britânico de Londres tem em seu poder um peso de feldspato pesando 1,021 gramas, gravado com o número cinco e o nome de Amenófis I (c. 1525 a 1504 a.C.), pertencente ao padrão ouro, o que está indicado pelo ideograma hieroglífico nub, que significa ouro, o qual, aliás é o mais comum dos padrões. Nos textos do Império Novo o peso dos metais é geralmente expresso em um número de deben, que equivale a 10 kite, aproximadamente 91 gramas.


A Mineração — Parte 2

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