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Logo no início da história egípcia a cidade chamada Bast atingiu lugar de relevo em função de sua importante localização estratégica, controlando as rotas de Mênfis para o Sinai e para a Ásia. Os gregos a batizaram de Bubastis a partir do termo egípcio Per-Bastet que significa Casa de Bastet. Atualmente o sítio onde ela se encontrava é denominado de Tell Basta, situado cerca de 90 quilômetros a nordeste do Cairo. Era a cidade da deusa-gata Bastet e capital do 18.° nomo do Baixo Egito durante o Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.). Em termos políticos, o auge da influência da localidade ocorreu durante a XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.), cujos faraós ali haviam nascido, a começar por Shoshenk I (945-924), primeiro faraó daquela dinastia. Seu declínio somente ocorreu nos primeiros séculos da nossa era.

Na cidade havia um templo principal dedicado à deusa Bastet, que teria de 200 a 300 metros de comprimento, em cujas ruínas os arqueólogos puderam identificar uma sala de entrada, uma sala do ritual sed e uma sala hipóstila, as quais foram construídas a mando de Osorkon II (c. 924 a 909 a.C.). A foto acima, do fotógrafo Hans-Dieter Beyer, mostra exatamente um relevo da sala do ritual sed. Foi identificada também uma sala já da época da XXX dinastia, do reinado de Nectanebo II (360 a 343 a.C.). O historiador Heródoto (aprox. 480-425 a. C.) descreveu este templo como situando-se numa ilha, com dois canais de água de lado e como estando a um nível muito mais baixo do que a cidade onde estava localizado. O egiptólogo John Baines nos informa que a escavação confirmou a correção de ambas estas afirmações, embora os canais devam ser mais corretamente descritos como os dois braços de um lago sagrado. Neste templo foram encontrados blocos de várias épocas, inclusive alguns com os nomes de faraós da IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.), que aqui foram reutilizados.

As festas que se realizavam em Bubastis em homenagem à deusa Bastet eram muito concorridas. Falando de tais festas no seu tempo, Heródoto escreveu:

Os egípcios celebram todos os anos grande número de festas. A mais importante e cujo cerimonial é observado com maior zelo é a que se realiza em Bubastis. A vida em Bubastis por ocasião das festividades transforma-se por completo. Tudo é alegria, bulício e confusão. Nos barcos engalanados singrando o rio em todas as direções, homens, mulheres e crianças, munidos, em sua maioria, de instrumentos musicais, predominantemente a flauta, enchem o ar de vibrações sonoras, do ruído de palmas, de cantos, de vozes, de ditos humorísticos e, às vezes, injuriosos, e de exclamações sem conta. Das outras localidades ribeirinhas afluem constantemente novos barcos igualmente enfeitados e igualmente pejados de pessoas de todas as classes e de todos os tipos, ansiosas por tomar parte nos folguedos, homenagear a deusa e imolar em sua honra grande número de vítimas que trazem consigo e previamente escolhidas. Enquanto dura a festa, não cessam as expansões de alegria, as danças e as libações. No curto período das festividades consome-se mais vinho do que em todo o resto do ano, pois para ali se dirigem, segundo afirmam os habitantes, cerca de setecentas mil pessoas de ambos os sexos, sem contar as crianças.

Além do templo principal da cidade, nela foram erguidos templos menores no decorrer das VI (c. 2323 a 2150 a.C.), XII (1991 a 1783 a.C.), XVIII (c. 1550 a 1307 a.C.) e XXII dinastias e no Período Greco-romano (332 a.C a 395 d.C.). Entre tais edifícios foram encontrados: um templo do faraó Teti (c. 2323 a 2291 a.C.), formado por uma estrutura que mede por volta de 108 m por 50 m, não muito distante do templo de Bastet; um templo de Pepi I (c. 2289 a 2255 a.C.); capelas do ritual sed de Amenemhet III (c. 1844 a 1797 a.C.) e Amenófis III (c. 1391 a 1353 a.C.); um templo de Aton construído por Osorkon II; um templo de Maahes, deus-leão considerado filho de Bastet, dedicado por Osorkon III (c. 883 a 855 a.C.) e, finalmente, um templo do Período Romano (30 a.C. a 395 d.C.).

Foram encontradas também em Bubastis várias sepulturas de dignatários importantes, entre os quais o vizir Iuti, da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C.), e dois vice-reis de Kush, chamados Hori, pai e filho, daquela dinastia e da XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.). Foram ainda localizados vastos cemitérios de animais sagrados, especialmente gatos, bichos associados a Bastet a partir do Terceiro Período Intermediário (c. 1070 a.C.)