Descobertas Arqueológicas

UMA DAS GALERIAS Um porto mil anos mais antigo do que qualquer outra estrutura portuária conhecida no mundo foi descoberto nas costas do Mar Vermelho. É da época do faraó Kéops (c. 2551 a 2528 a.C.) e está localizado em Wadi el-Jarf, quase 177 km ao sul da cidade litorânea de Suez. O sítio foi explorado pela primeira vez em 1823 pelo egiptólogo britânico Sir John Garner Wilkinson que encontrou um sistema de galerias cavadas na rocha próximo da costa e acreditou que fossem catacumbas. Modernamente a área vem sendo escavada desde 2011 e em abril de 2013 já haviam sido reveladas 30 de tais galerias com as seguintes dimensões em média: vinte metros de comprimento, três metros de largura e dois metros de altura. No interior delas eram armazenados barcos desmontados após as expedições queFRAGMENTOS DOS BARCOS eram feitas regularmente para transferir cobre e pedras do Sinai para o vale de Nilo. Elas dispunham de um sistema de fechamento elaborado que se utilizava de blocos de pedra calcária grandes e pesados inscritos com o nome de Kéops. No interior dos tuneis foram achados vários fragmentos de barcos, cordas e cerâmica que datam do princípio da IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C.). Em três deles havia um estoque de jarros de armazenagem que, provavelmente, serviram como recipientes de água para os barcos. Exploração subaquática ao pé do molhe revelou 25 âncoras faraônicas e cerâmica semelhante à descoberta nas galerias, tudo datado da IV dinastia. Aproximadamente a 200 metros do mar os arqueólogos acharam os restos de uma construção onde estavam armazenadas 99 âncoras. Algumas delas apresentam hieróglifos que são, provavelmente, os nomes das embarcações.

O fato mais interessante é que as galerias também contémÂNCORA SUBMERSA centenas de fragmentos de papiros, dos quais 10 estão muito bem preservados. Esses são os papiros mais antigos encontrados até hoje. Muitos deles descrevem como a administração central, no reinado de Kéops, enviava comida, principalmente pão e cerveja, para os trabalhadores envolvidos nas expedições egípcias que partiam daquele porto. Um dos papiros é ainda muito mais intrigante: é o diário de Merrer, um funcionário envolvido na construção da Grande Pirâmide de Kéops que supervisionava uma equipe de cerca de 200 trabalhadores. A partir de quatro folhas separadas e muitos fragmentos, os pesquisadores puderam seguir a atividade diária dele por mais de três meses. Os registros estão datados do 27º ano do reinado de Kéops e a principal tarefa do momento consistia na montagem do revestimento deFRAGMENTO DO DIÁRIO calcário que cobriria o exterior do monumento. Ele informa então sobre suas muitas viagens para a pedreira de pedra calcária de Tura na busca desse material. Relata que tais blocos eram transportados para o canteiro de obras de barco ao longo do Nilo e sistema de canais em uma jornada que durava de dois a três dias. Também diz que o vizir Ankhhaef, meio-irmão de Kéops e "chefe de todas as obras do rei", estava supervisionando o enorme projeto de construção. Embora não conte nada novo sobre a construção da pirâmide em si, o diário é o primeiro documento conhecido a tocar no assunto. Nas ilustrações menores vemos fragmentos dos barcos e uma âncora submersa. Ao lado, fragmento do diário. Fotos © de Pierre Talle, diretor da missão arqueológica que fez a descoberta.




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