A Mumificação
A Mumificação
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A Mumificação
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A Mumificação
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Os que preferem um tipo médio de embalsamamento e querem evitar despesas, escolhem esta outra espécie, em que os profissionais procedem da seguinte maneira: enchem as seringas de um licor untuoso tirado do cedro e injetam-no no ventre do morto, sem fazer nenhuma incisão e sem retirar os intestinos. Introduzem-no igualmente pelo orifício posterior e arrolham-no, para impedir que o líquido saia. Em seguida, salgam o corpo, deixando-o assim durante determinado prazo, findo o qual fazem escorrer do ventre o licor injetado. Esse líquido é tão forte que dissolve as entranhas, arrastando-as consigo ao sair. O natrão consome as carnes, e do corpo nada resta a não ser a pele e os ossos. Terminada a operação, entregam-no aos parentes, sem mais nada fazer.
O terceiro tipo de embalsamamento destina-se aos mais pobres. Injeta-se no corpo o licor denominado surmaia, envolve-se o cadáver no natrão durante setenta dias, devolvendo-o depois aos parentes.
Tratando-se de mulher, e se esta é bonita ou de destaque, o cadáver só é levado para embalsamamento decorridos três ou quatro dias após o seu falecimento. Toma-se essa precaução pelo receio de que os embalsamadores venham a violar o corpo. Conta-se que, por denúncia de um dos colegas, foi um deles descoberto em flagrante com o cadáver de uma mulher recém-falecida.
Se se encontra um cadáver abandonado, seja o morto Egípcio ou mesmo estrangeiro; trate-se de alguém atacado por crocodilo ou afogado no rio, a cidade em cujo território foi o corpo atirado é obrigada a embalsamá-lo, a prepará-lo da melhor maneira e a sepultá-lo em túmulo sagrado. Não é permitido a nenhum dos parentes ou dos amigos tocar no cadáver; só os sacerdotes do Nilo têm esse privilégio; e eles o sepultam com as próprias mãos, como se se tratasse de algo mais precioso do que o simples cadáver de um homem.
Ao contrário do que se possa pensar, não eram fabricados pedaços de tecidos especificamente para embrulhar os cadáveres. Os panos usados como bandagens das múmias eram freqüentemente tecidos de linho de uso doméstico, ou mesmo roupas, rasgados em tiras. A peça geralmente já fora usada e podia até ter sido remendada. Encantamentos protetores eram inscritos em papiros que acompanhavam as múmias. Alguns continham frases com bons augúrios tais como Possa sua cabeça não rolar. Como se acreditava que uma pessoa morta precisaria de seu corpo na vida após a morte, tomava-se grande cuidado para tornar as múmias atraentes. Uma múmia que perdesse a cabeça poderia passar realmente por um sério problema, já que aquela pessoa permaneceria acéfala por toda a eternidade.
Os antigos egípcios não mumificaram apenas o corpo humano. Freqüentemente foram mumificados animais junto com as pessoas. De modo geral havia quatro espécies de múmias de animais: de animais sagrados que eram adorados; de animais votivos, dados como oferendas aos deuses; de animais de estimação, que incluiam gatos, cães, macacos, gazelas e pássaros; e oferendas de alimentos — um pedaço de carne ou ave mumificada colocado cuidadosamente em uma tumba como comida para a vida após a morte. O tipo mais comum entre essas espécies foram as múmias votivas de gatos, íbis e crocodilos. Mumificação de alimentos também era prática corriqueira. Os egiptólogos calculam que os egípcios devem ter criado cerca de 70 milhões de múmias. Muitas das múmias encontradas foram literalmente transformadas em pó durante o período histórico do Renascimento para serem transformadas em pseudos remédios ou pigmentos para pintura. Outras serviram de objeto de entretenimento em reuniões nas quais eram desembrulhadas sem qualquer critério científico, por mera diversão.
Hoje em dia as múmias contribuem de várias formas para o nosso conhecimento sobre a antiga civilização egípcia. Elas podem nos revelar informações sobre as doenças e o estado de saúde dos antigos egípcios, sua alimentação e outros dados. As múmias reais podem melhorar nossa compreensão da cronologia egípcia ao ajudarem a estabelecer a idade de um rei quando de sua morte. Além disso, o exame das múmias e análise de seus DNAs permite estabelecer relações de parentesco.
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