A CHARRUA




CHARRUA A charrua é um instrumento rudimentar que se presta para lavrar solos maleáveis e sem pedras. Pierre Montet assim descreve o utensílio: dois cabos verticais, reunidos por uma travessa, ligam-se ao tronco a que está adaptada a lâmina de metal ou de madeira, talvez. A rabiça engrenava entre os dois cabos verticais e ligava-se ao tronco da lâmina ao qual estava fixada por liames. Uma travessa de madeira fixa na extremidade da rabiça repousa na nuca de dois animais que puxam pela charrua. Estava ligada aos chifres. Ao lado, uma charrua e outros utensílios agrícolas.

Ao invés de bois, os egípcios empregavam vacas no trabalho de puxar a charrua. Os bois eram reservados à tarefa de transportar grandes blocos de pedra e também serviam ao transporte dos sarcófagos nos enterros.

Os camponeses trabalhavam em duplas. O trabalho mais fatigante — nos conta o mesmo autor — era o do homem que segurava a rabiça. À partida, de busto direito, uma só mão na rabiça, o condutor fazia estalar o chicote. Assim que os animais se punham em movimento, o homem dobrava o corpo, as duas mãos sobre a rabiça, e fazia peso com todas as forças sobre a charrua. O seu companheiro não tinha mais do que guiar a charrua mas, em lugar de ir à frente, recuando, caminhava a seu lado e no mesmo sentido. Algumas vezes este companheiro é uma criança, nua, os anéis de cabelo cobrindo a face do lado direito, que transporta um cesto pequenino. Não era considerado capaz de manejar um chicote ou uma vara. Para se fazer obedecer, só dispõe dos seus gritos. Algumas vezes é a mulher do trabalhador que espalha a semente.

Eram longas jornadas de trabalho e não sem incidentes, como a queda de uma vaca ou a quebra de uma rabiça. De quando em quando os trabalhadores deixavam descansar os animais e, à sombra das árvores, refrescavam-se com um gole d'água e consumiam algumas provisões que haviam trazido pela manhã em odres e cabazes. Os trabalhos só se encerravam com a chegada da noite.



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