Descobertas Arqueológicas

PESQUISAS AO NORTE DO DELTA



MURO DE VEDAÇÃO Behdet, a cidade mais ao norte do Delta nilótico na época faraônica, teve sua ocupação iniciada por volta de 2400 a.C. e permaneceu habitada até o começo do VI século da nossa era. Na antiguidade era um porto no estuário de um dos braços do Nilo. O local que a abrigou está sendo escavado por arqueólogos desde 1991 e até hoje vários achados foram feitos. Entre eles o de três muros de vedação edificados com adobe, que circundaram a área do templo de Amon em épocas distintas. O maior deles e mais recente, com cerca de 400 metros de lado, abrange uma área de 160 mil metros quadrados e data de aproximadamente 360 a.C. Nesse ano, ao que parece, ao iniciar a XXX dinastia, Nectanebo I (380 a 362 a.C.) modificou o complexo do templo construindo um muro novo e mais sólido do que aquele que já existia. Situou o novo muro por fora e a pouca distância do anterior e aparentemente tudo foi feito às pressas, o que se evidencia no método de construção, pois não foram preparados alicerces uniformes. Ao contrário, os tijolos seguiam os contornos do chão conforme fosse necessário, na maioria das áreas apoiando-se diretamente na superfície do solo com apenas um mínimo de fundação, mas ocasionalmente entrincheirando-se bastante profundamente quando eram encontradas regiões de chão mais elevado. A espessura da muralha varia entre 18 e 25 metros e seus cantos apontam, aproximadamente, para os quatro pontos cardeais.

Dentro desse muro, com um perímetro ligeiramente menor, existe um paredão mais antigo, de 650 a.C. mais ou menos, com ruínas de uma fortaleza construída com tijolos em seu canto sul. Ela abrangia uma área de 54 por 61 metros e estava totalmente integrada ao muro e, portanto, ambos devem ter sido construídos em conjunto. Interiormente o edifício tem dois grupos equivalentes de compartimentos, organizados em ambos os lados de uma passagem central. Este corredor estava limitado por duas paredes maciças, cada uma com cerca de 3,25 metros de espessura, que corriam por todo o comprimento da estrutura. O acesso ao edifício era feito por meio de uma rampa com 63,50 metros de comprimento e largura máxima de 8,26 metros, formada por duas paredes de contenção de adobe cheias de terra. Fica bastante claro que a estrutura inteira foi concebida para ser o alicerce de um edifício bastante grandioso. Estima-se que tudo tenha sido obra da XXVI dinastia, muito provavelmente do reinado de Psamético I (664 a 610 a.C.). A espessura das paredes varia entre 10 e 12 metros em pontos diferentes da muralha e foram construídas com tijolos feitos de uma mistura de lama e areia, os quais têm mais de 40 centímetros de comprimento cada um. A parte exterior do canto sul, que podemos ver na foto acima, parece ter sido revestida com lajes de pedra calcária branca, mas nenhuma evidência foi preservada de tratamento semelhante nos outros cantos dessa muralha. Por sua vez, restos quebrados de blocos de pedra calcária encontrados ao redor dos alicerces da fortaleza sugerem que suas partes inferiores externas podem ter sido revestidas com pedra, a exemplo do exterior do canto sul da muralha de vedação do templo, dentro da qual o edifício se situava.

O terceiro muro, o primeiro a ser erguido, foi construído no final da XIX dinastia (c. 1307 a 1196 a.C) ou na XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.) e, com 150 metros de lado, corria mais próximo do templo de Amon, circundando-lhe uma área relativamente menor. Esse muro do período raméssida é a ruína mais antiga descoberta no local e a única evidência da localização do templo naquela época, o qual foi totalmente removido para ser usado em edificações posteriores.

Dentro do perímetro maior estão abrigados não só os restos do templo de Amon, mas também as ruínas de templos subsidários de Psamético I e Nectanebo I (380 a 362 a.C.). Na frente do templo principal foi descoberto um cemitério para a pequena elite, o que era inesperado, já que este é um local normalmente reservado para enterro de pessoas mais importantes. Algumas das tumbas foram construídas com adobe, mas outras apresentam câmaras ou sarcófagos de pedra calcária. Os sepultamentos são do período entre 900 e 700 a.C. e havia conjuntos de caixões internos de excelente qualidade, decorados com folhas de ouro.




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