A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar A Defensora do Barco Solar

A DEFENSORA DO BARCO SOLAR


Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

Glossário HOME PAGE
DEFENSORA DO BARCO NO QUAL O DEUS-SOL VIAJAVA durante a noite, a divindade conhecida como Mehen podia ter a aparência de um homem com cabeça de serpente empunhando uma lança, vigilantemente postado na proa da embarcação. Entretanto, mais comumente era representada como uma serpente gigantesca enrolada ao redor da nau. Na literatura pré-dinástica e do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) a entidade surge, juntamente com Seth, lutando diariamente contra o terrível demônio Apófis, enquanto o Sol viaja pelo mundo das sombras. Mehen enrola sua cauda ao redor de Apófis enquanto que Seth o golpeia com uma lança. Mesmo na hipótese de Apófis sair vencedor dessa luta, as outras duas divindades fariam um buraco no ventre do monstro, através do qual a barca solar escaparia.

NA OBRA CONHECIDA COMO Livro de Him no Inferno que, entre outras coisas, descreve os estranhos seres que habitam o além-túmulo, a cobra Mehen normalmente é vista envolvendo e protegendo com as espirais de seu corpo a cabine do barco no qual viaja. É sob esse aspecto que a vemos aqui, numa cena da câmara sepucral de Ramsés I (c. 1307 a 1306 a.C.). Nela Mehen aparece protegendo Rá, representado como o deus criador Khnum, enquanto a barca solar é arrastada pelo mundo subterrâneo. Essa serpente é mencionada nos Textos dos Sarcófagos no decorrer do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) e aparece em vinhetas de papiros funerários e nas pinturas murais dos túmulos do Vale dos Reis, especialmente nas tumbas de Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.) e Ramsés VI (c. 1151 a 1136 a.C.). A palavra Mehen significa o enrolado ou, como verbo, enrolar.

NO EGITO antigo existia um jogo que levava o nome dessa divindade e que talvez já tivesse sido inventado 3000 anos antes de Cristo. Era jogado em um tabuleiro com forma espiral, como esse que vemos ao lado, o qual geralmente tinha o formato explícito de uma cobra enrolada sobre si mesma. Com número variável de casas, tinha seis conjuntos de peças de mármore de cores diferentes, cada conjunto formado por seis peças da mesma cor. Havia ainda seis peças especiais na forma de um animal perigoso e predatório, geralmente leões, mas às vezes cachorros ou até hipopótamos. O jogo começava no rabo da cobra, a qual costumava ter a forma de cabeça de pássaro. O jogador lutava pelo objetivo de atingir a cabeça do réptil antes de seus adversários. Tanto quanto se conhece, esse é o único jogo de tabuleiro do Egito antigo que aceitava vários jogadores ao mesmo tempo. Todos os outros eram competições entre dois jogadores ou duas equipes, ao passo que o Mehen podia ser disputado por até seis competidores. Ainda que cerca de catorze tabuleiros desse jogo tenham sido encontrados pelos arqueólogos em tumbas da I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.), dois deles com leões e leoas de marfim formosamente esculpidos, ninguém realmente conhece as suas regras.

SABEMOS QUE O JOGO TINHA SIGNIFICDO RELIGIOSO porque é mencionado nos Textos das Pirâmides e nos Textos dos Sarcófagos. De forma estranha, ele parou de ser praticado logo após o ano 2000 a.C., ou seja, no início do Império Médio. Uma possível causa para isso talvez seja exatamente a coincidência de nome entre o jogo e a divindade na forma de serpente que fazia parte da mitologia do culto solar. Talvez o jogo tenha se tornado mais do que um simples passatempo e tenha se incorporado aos rituais religiosos. Tanto isso pode ser verdade que o jogo acabou sendo confundido deliberadamente, ou seja, sincretizado, com a deidade serpente em alguns textos. O que os estudiosos não sabem, porque não há evidências a esse respeito, é se a divindade foi inspirada pelo jogo, ou se o jogo foi inspirado em uma mitologia já existente. Em si, a associação entre o jogo e a divindade não seria motivo suficiente para provocar o desaparecimento daquele. Muito pelo contrário, poderia ter até fortalecido a brincadeira. Mas é possível que os cortes feitos no dorso da cobra no tabuleiro, os quais marcavam e separavam as casas do jogo, possam ter sido vistos como uma ameaça à sobrevivência da divindade, o que seria, também, uma terrivel ameaça a toda a humanidade. De fato, o papel de Mehen era essencial porque se Rá não fosse protegido de seus inimigos, poderia não nascer pela manhã, o que resultaria na cessação de toda a vida. E vida, dentro da convicção egípcia, se aplicava não só aos vivos, mas também aos mortos, que viajavam com o Sol e subíam renascidos com ele ao amanhecer. Então, é provável que o jogo tenha sido proibido por questões religiosas, embora não haja documentação que comprove tal fato.