Descobertas Arqueológicas

TRAGEDIA EM MENDES




ESCAVAÇÕES EM MENDES O morro conhecido como Tell el-Ruba, localizado no centro do Delta, marca o sítio da capital do 16º nomo do Baixo Egito que se tornou a capital do país na XXIX dinastia (399 a 380 a.C.). A cidade chamava-se Per-banebdjedet, que significa Território do Senhor Carneiro de Djedet, sendo que os gregos lhe deram o nome de Mendes. Esse nomo é mencionado em textos egípcios já na IV dinastia (c. 2575 a 2465 a.C), a região foi habitada durante a era pré-dinástica e sua área é rica em monumentos. Entre eles estão um templo de Amósis (c. 1550 a 1525 a.C.), edificações de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) e de seu filho Merneptah (c. 1224 a 1214 a.C.) e, os mais velhos lá encontrados, mastabas do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.). Tudo isso tem despertado o interesse dos arqueólogos na escavação do sítio, do qual vemos na foto um aspecto apresentando estruturas em adobe.

Em campanhas realizadas de 1996 a 1998 e entre maio e julho de 2000 foi descoberto, entre outros, um templo do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) e por baixo dele escombros do mesmo templo datados do Primeiro Período Intermediário (c. 2134 a 2040 a.C.). Parece que o local foi abandonado por um longo tempo. Ali parece ter acontecido um dramático incêndio e um concomitante massacre, causando enormes danos como se pode perceber pelo grande acúmulo de cinzas por sobre o lugar e pelos blocos de adobe queimados. Corpos de indivíduos mortos pelo fogo foram encontrados em grupos. Eles estavam tentando escapar e os arqueólogos recuperaram os restos de vinte pessoas que aparentemente ninguém se preocupou em enterrar já que seus corpos, contorcidos e com os braços colocados em cima das cabeças, estão esparramados no chão aleatoriamente. Vários textos sugerem que alguma espécie de revolta que resultou em desordem civil aconteceu ao término do Império Antigo. Mas até agora não houve evidência arqueológica de tais eventos, afirmou na ocasião Donald Redford, um eminente arqueólogo que vem escavando em Mendes por mais de dez anos. A data da destruição foi determinada como estando compreendida entre a VI e a X dinastias, ou seja, entre o final do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) e o início do Primeiro Período Intermediário, com maior probabilidade para o final da VI dinastia (c. 2150 a.C.), época de instabilidade política e de lutas pelo poder.

Uma tentativa para restaurar a estrutura do edifício foi feita na antiguidade, pois paredes foram erguidas sobre a área arruinada. A estrutura desmantelada foi reconstruída de forma precária. Estendendo-se por mais de 200 metros a leste e a oeste do templo foram encontradas áreas residenciais. Outro aspecto interessante da escavação foi a descoberta de uma série de paredes e terraços curvos, inclusive um pátio cercado por paredes curvas na área do templo. Foi justamente dentro desse pátio semicircular que os mortos foram encontrados. Tipicamente, os egípcios não criaram paredes curvilíneas, mas empregavam paredes em linha reta e ângulos agudos, disse Redford. Estas estruturas curvadas são interessantes e enigmáticas.




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