Descobertas Arqueológicas

O TIJOLO DO NASCIMENTO Ao que se sabe pelos papiros, as mulheres egípcias ao darem à luz se acocoravam sobre tijolos rituais. Eles estavam associados com a deusa Meskhent, ou Meskhenet, às vezes descrita na forma de um tijolo com uma cabeça humana. Em julho de 2001 foi encontrado pela primeira vez um destes tijolos intactos datado do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.). Ele mede 35 x 17 cm e estava nas ruínas de uma residência de Abido a qual se acredita tenha pertencido ao prefeito da localidade. A peça de adobe decorada, que apresenta sinais de ter sido muito usada, faz parte de um par que teria servido para apoiar os pés de uma mulher durante o trabalho de parto. O desenho mostra a mãe segurando seu recém-nascido e protegidos por Hátor, a deusa vaca associada intimamente ao nascimento e à maternidade. O deus-Sol aparece de forma simbólica com a aparência de um gato do deserto e imagens dos guardiões dessa divindade e vários símbolos mágicos decoram os lados do artefato.

Considerando-se a alta taxa de mortalidade infantil daquela época, não é surpreendente que as pessoas tentassem invocar forças divinas para proteger seus recém-nascidos. A superfície superior do tijolo, ao contrário da superfície inferior e de suas laterais, está esmigalhada. Os egiptólogos acreditam que o desgaste existente foi causado por ele ter suportado os pés de uma parturiente por um período longo de tempo e durante muitos partos. Entretanto, a função verdadeira desse tijolo ainda está aberta ao debate. Josef Wegner, chefe das escavações, duvida que se tenha usado uma peça tão formosamente decorada para a função que descrevemos. Outra explicação seria a de que o tijolo era usado como um tipo de berço mágico no qual o bebê recém-nascido era colocado. Nesse caso, rituais seriam realizados e encantamentos seriam proferidos por um sacerdote ou outra pessoa para envolver o bebê numa "casca protetora", uma espécie de envelope mágico para evitar infecções ou doenças. O tijolo estava na seção residencial feminina da casa. Numerosas inscrições em selos ali encontrados têm o nome da nobre Reny-Seneb, filha do rei. Suspeita-se que esta mulher, que viveu durante a XIII dinastia (c. 1783 até após 1640 a.C.), pode ter sido uma princesa que se casou com um dos prefeitos da cidade e que teria sido ela a usuária do tijolo ritual. Provavelmente as plebéias não conseguiriam usar tijolos de nascimento de tão alta qualidade. Para saber mais sobre a residência onde o tijolo foi encontrado, clique aqui.




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