Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal Anúbis, o Chacal

ANÚBIS O CHACAL


Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

Glossário HOME PAGE
O CHACAL, ANIMAL que tem o hábito de desenterrar ossos, de forma paradoxal representava para os egípcios o deus Anúbis, justamente a divindade considerada a guardiã fiel dos túmulos e patrono do embalsamamento. Em algumas versões da lenda ele aparece como filho do deus Seth com sua esposa Néftis. Entretanto, a versão mais comum é a de que ele é filho de Osíris, que se uniu com Néftis por tê-la confundido com sua esposa Ísis. Quando esta última deusa veio a saber do nascimento da criança começou a procurá-la. Néftis, por temor a Seth, escondeu-a logo após o parto. Guiada por cães, Ísis encontrou o recém-nascido depois de grandes e difíceis penas e encarregou-se de alimentá-lo e Anúbis se converteu em seu acompanhante e guardião. Dizia-se que estava destinado a guardar os deuses, assim como os cães guardam aos homens. No alto da página vemos o chacal envernizado, com garras de prata, que guardava a múmia de Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.). Na ilustração acima, um detalhe da dança marcial de três Anúbis na tumba do artífice Inherka, em Deir el-Medina.

REPRESENTADO POR UM CHACAL ou por um cão deitado, ou ainda pela figura de um homem com cabeça de chacal ou de cão, o deus Anúbis (Anpu em egípcio) era o embalsamador divino e um dos responsáveis pelo julgamento dos mortos no além-túmulo. No reino dos mortos, na forma de um homem com cabeça de chacal, ele era o juiz que, após uma série de provas por que passava o defunto, dizia se este era justo e merecia ser bem recebido no além túmulo ou se, ao contrário, seria devorado por um terrível monstro. Anúbis tinha seu centro de culto em Cinópolis, cidade do Alto Egito e recebia títulos exóticos como, por exemplo, morador na câmara de embalsamamento, governador da sala do deus ou senhor das colinas do oeste.

O DEFUNTO, TRAJANDO UM VESTIDO DE LINHO, era introduzido por Anúbis no grande recinto onde o julgamento seria realizado. Saudava, então, a todos os deuses presentes. Depois, pronunciava uma longa declaração de inocência formada por frases negativas:

Não pratiquei pecados contra os homens.
Não maltratei os meus parentes.
Não obriguei ninguém a trabalhar além do que era legítimo.
Não deixei de pagar minhas dívidas.
Não insultei os deuses.
Não fui a causa dos maltratos de um senhor ao seu escravo.
Não pratiquei enganos com o peso da minha balança.
Não causei a fome de ninguém.
Não fiz ninguém chorar.
Não matei ninguém.
Não pratiquei fraudes na medição dos campos.
Não subtrai o leite da boca das crianças.
E assim por diante, alegando que tinha vivido sempre à altura dos padrões de conduta impostos pelos homens e pelos deuses.


ENQUANTO O MORTO FAZIA SUA DECLARAÇÃO, Anúbis ajoelhava-se junto a uma grande balança colocada no meio do salão e ajustava o fiel com uma das mãos, ao mesmo tempo em que segurava o prato direito com a outra. O coração do finado era colocado num dos pratos e, no outro, uma pena, símbolo de Maat, a deusa verdade. O coração humano era considerado pelos egípcios a sede da consciência.
A figura acima, de um papiro do Livro dos Mortos, da XVIII dinastia, conservado no Museu de Turim, ilustra bem essa cena. Aqui podemos ver Anúbis pesando o coração de uma sacerdotisa. O órgão foi posto no prato da esquerda, enquanto que no prato da direita está uma figura que representa a verdade. No alto da balança o deus Thoth, tendo a aparência de um babuíno, anota o resultado. Também podemos ver uma mesa com oferenda de um quarto de carne.

É CLARO QUE SEMPRE HAVIA A POSSIBILIDADE, ainda que remota, do coração desmentir o seu dono e falar mal dele. Contra tal perigo foi composta a invocação que se lê no Capítulo XXX do Livro dos Mortos:

Ó meu coração, minha mãe; ó meu coração, minha mãe! Ó meu coração de minha existência sobre a terra. Nada se erga em oposição a mim no julgamento perante os senhores do tribunal; não se diga de mim nem do que eu tenho feito, "Ele praticou atos contra o justo e o verdadeiro"; nada se volte contra mim na presença do grande deus, senhor de Amentet. Homenagem a ti, ó meu coração! Homenagem a ti, ó meu coração! Homenagem a vós, ó meus rins! Homenagem a vós, ó deuses que assistis nas divinas nuvens, e sois exaltados (ou sagrados) graças aos vossos cetros! Falai [por mim] coisas justas a Rá, e fazei que eu prospere diante de Neebca. E contemplai-me, ainda que eu esteja preso à terra nas suas partes mais íntimas, consenti que eu permaneça sobre ela e não me deixeis morrer em Amentet, mas me torne uma Alma Imortal dentro dela.
ASSIM, AO SER PESADO O coração contra a verdade, verificava-se a exatidâo dos protestos de inocência do defunto. Como as negativas vinham de seus próprios lábios, ele seria julgado pelo confronto com o seu próprio coração na balança. Se este se igualasse com a verdade, tudo correria bem e o defunto seria bem-vindo no além-túmulo; caso contrário, o morto estaria cheio de pecados e, então, seria comido por um terrível monstro: Ammut, o devorador dos mortos, visto aqui em um detalhe do papiro do Livro dos Mortos do escriba Ani. Felizmente, os papiros sugerem que o morto em juízo era sempre absolvido. O tal monstro devia passar fome.

A CABEÇA DO CHACAL também era personificação de Duamutef, um dos quatro filhos de Hórus. Como tal aparecia na tampa do vaso canopo que abrigava o estômago do morto. Uma delas pode ser vista abaixo. É da época raméssida, de proveniência desconhecida, confeccionada em faiança egípcia, tem 17 cm de altura por 16 cm de largura e pertence ao acervo do Museu do Louvre. A egiptóloga Elisabeth Delange assim a descreve: A técnica sofisticada da faiança apresenta com realismo a pele preta brilhante do cão, com focinho alongado, com orelhas em pé, com uma peruca azul-marinho adornada com a fita vermelha ao redor do pescoço. Esta é a iconografia do cão selvagem que ronda os limites do deserto, o guardião do cemitério, o deus Anúbis, "Senhor-da-Necrópole". Anúbis, o patrono dos embalsamadores, é aquele que acompanha a alma do morto em sua última morada, usando uma peruca humana de mechas regulares, como nesta tampa. A assimilação se tornou clássica entre os dois cães funerários, Anúbis e Duamutef, ligados ambos à mumificação.

CADA COR ERA DOTADA de um valor simbólico — prossegue a autora —, pois o cão lobo errante do Egito raramente era preto. Esta cor escura evoca de maneira simbólica a terra arável depositada pela inundação, anunciadora da vida e da fecundidade. E pela consequência de toda gestação, por um renascimento. O betume e as resinas escuras de acácia que entravam na composição dos produtos de mumificação, serviam também como revestimento protetor dos sarcófagos, aromatizavam as estátuas dos deuses da fertilidade, e ainda podiam recobrir de forma benéfica as estátuas de culto.


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