Descobertas Arqueológicas

ATAÚDE DA CANTORA O túmulo de uma cantora foi descoberto acidentalmente no Vale dos Reis em janeiro de 2012. É a única tumba de uma mulher não relacionada com as antigas famílias reais egípcias encontrada naquele local. O ataúde de madeira, pintado de preto, decorado com hieróglifos em amarelo e com pinturas brancas, verdes e vermelhas que não se desbotaram, encontra-se bem preservado e a múmia também. O caixão é feito de madeira de sicômoro com cavilhas e pregos de acácia. Tem comprimento de 1,92 m e largura nos ombros de 53,5 cm. Havia também uma stela de madeira pintada mostrando a mulher na atitude de oração em frente ao deus Rá-Harakhti.

ATAÚDE DA CANTORA O nome da falecida é Nehmes Bastet, traduzido por "que Bastet possa salvá-la", significando que ela acreditava ser protegida pela deusa Bastet. Baseados em artefatos encontrados no interior do túmulo, constituido por um único aposento, os arqueólogos concluíram que não foi construído originalmente para ela, mas reutilizado por ela 400 anos depois do usuário original. Não foi possível descobrir quem foi esse primeiro ocupante embora tenha sido encontrada uma múmia sem bandagens e muito quebrada que pode ser o corpo dessa pessoa. Nehmes era filha de um sumo sacerdote do decorrer da XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.) e cantava no Templo de Karnak. Essas mulheres cantavam, tocavam instrumentos e tomavam parte em festividades e grandes procissões rituais que se realizavam várias vezes ao ano, já que a música era um ingrediente fundamental da religião egípcia e se acreditava que pudesse acalmar as divindades e predispô-las a atender aos pedidos de seus adoradores. Na época em que Nehmes morreu, o Egito era governado por reis líbios, mas os sumo sacerdotes de Tebas eram independentes e podiam usar o cemitério real para enterrar seus familiares. A descoberta é importante porque demonstra que durante a XXII dinastia o local também era utilizado para enterrar sacerdotes e indivíduos comuns, não pertencentes à família real.

MÚMIA DA CANTORA O túmulo se constitui de um pequeno poço e uma câmara funerária. O poço tem cerca de 3,5 m de profundidade e mede 1,20 m por 0,95 m no fundo. A entrada para a câmara funerária tem 1,20 m de altura e 0,95 m de largura. A câmara tem comprimento de 4,10 m, largura de 2,35 m e altura de approximadamente 2,04 m. O fundo do poço e a entrada situa-se cerca de. 0,70 m acima do chão da câmara funerária. As paredes são talhadas grosseiramente. A entrada para a câmara estava bloqueada com pedras e, embora não estivesse selada, tudo indica que nunca foi aberta desde o dia do sepultamento. Após o bloqueio havia restos de uma parede anterior coberta com gesso. O recinto estava cheio com escombros do primeiro enterro até à altura de aproximadamente um metro. A legendária tumba de Tutankhamon foi o 62º túmulo encontrado no Vale dos Reis. Somente em 2005 uma 63ª tumba foi achada. Esta agora foi chamada de KV64, de acordo com o sistema usado para nomear as tumbas no vale, já que é a 64ª tumba encontrada naquele local. Acima vemos a foto da múmia cuidadosamente embalsamada e muito bem preservada. Tem cerca de 1,50 m de comprimento e está totalmente enegrecida e presa ao fundo do caixão por um xarope pegajoso feito à base de frutas usado no processo de mumificação.

DETALHE DO ATAÚDE Uma inscrição do ataúde, a qual podemos ver na foto ao lado, esclarece que Nehmes era Cantora de Amon. Esse título pertencia a mulheres das classes altas. Genealogias demonstram que múltiplas gerações de mulheres ostentavam tal título, com as mães provavelmente ensinando a profissão para suas filhas. Era uma profissão muito honrada e as mulheres que a exerciam foram muito respeitadas por toda a sociedade e provavelmente foi por isso que Nehmes Bastet foi enterrada no Vale dos Reis. Como acontecia com os sacerdotes, as cantoras do templo eram remuneradas pelas rendas geradas pelas enormes áreas de terra que Amon “possuia” por todo o Egito. Alguns sacerdotes e sacerdotisas serviam nos templos apenas alguns meses do ano e depois voltavam para casa. Há pouca informação sobre o que mulheres como Nehmes faziam quando estavam em suas casas, mas provavelmente não era muito diferente dos afazeres tradicionais das outras mulheres daquele tempo: cuidar do lar, criar os filhos e apoiar seus maridos.




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