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O RECIBO EM PEDRA Um antigo pedaço de cerâmica egípcio, escrito em grego e recentemente traduzido, revela que uma pessoa, cujo nome é ilegível, e seus amigos pagaram um imposto sobre transferência de terras de 75 talentos e uma taxa adicional de 15 talentos em um banco público na cidade de Diospolis Magna, o nome greco-romano para a faraônica Tebas. Trata-se de uma quantia incrivelmente grande de dinheiro e esses egípcios provavelmente eram muito ricos. O imposto foi pago em uma data que corresponde a 22 de julho de 98 a.C., época do reinado de Ptolomeu X. O pagamento foi feito em moedas as quais, no total, deviam pesar mais de 100 quilos. A multa de 15 talentos pode ter sido cobrada por não terem pago parte da conta em prata, conforme exigido por lei. Mas quanto valeria 90 talentos naquela época? Um talento equivalia a 6000 dracmas. Portanto, 90 talentos totalizaram 540 mil dracmas. Para efeito comparativo, um trabalhador não qualificado daquele tempo devia faturar apenas cerca de 18000 dracmas anuais. Em 98 a.C. a moeda de maior valor provavelmente valeria apenas 40 dracmas.

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OS GANSOS DE MEIDUM Um painel atualmente abrigado no Museu Egípcio do Cairo, conhecido como Os Gansos de Meidum, teve sua autenticidade posta em dúvida em 2015. A pintura em gesso foi supostamente encontrada em um túmulo próximo da pirâmide de Meidum pertencente a Nefermaat, um filho do faraó Huni (c. 2599 a 2575 a.C.), em 1871, por Luigi Vassalli, que a arrancou da parede. Francesco Tiradritti, diretor da missão arqueológica italiana no Egito, levantou a suspeita de que o quadro pode ser uma falsificação. Ele retrata três tipos de gansos: gansos de peito branco, gansos campestres e gansos de peito vermelho. As duas últimas espécies provavelmente não viviam no Egito, mas isso não seria suficiente para indicar que a pintura é falsa. Um indício da falsificação é que algumas das cores são únicas e não foram usadas por outros artistas egípcios antigos. Alguns dos tons, especialmente o bege, não são vistos na arte egípcia. Mesmo os tons de cores mais comuns, como laranja e vermelho, não são sequer comparáveis com as mesmas coresVASSALLI usadas em outros fragmentos de pinturas vindas do mesmo local. A maneira como os gansos são desenhados, de modo que pareçam ter o mesmo tamanho, é outra característica incomum. Os antigos egípcios desenhavam animais e pessoas em tamanhos diferentes, às vezes para ressaltar sua importância. Os dois gansos inclinados criam uma composião equilibrada, outra característica inédita na arte egípcia. Além disso, as rachaduras no quadro não são compatíveis com o suposto ato de arrancá-lo da parede. Tiradritti acha que os gansos foram pintados por Vassalli, cuja fotografia vemos ao lado, o qual era um artista talentoso e, na época, curador do Museu Bulaq do Cairo. Embora ele tenha sido o descobridor da obra de arte, nunca publicou uma só palavra sobre o assunto o que é incomum, já que adorava falar sobre suas descobertas no Egito. A razão pela qual Vassali teria forjado a pintura é um mistério. Ele pode te-lo feito simplesmente por diversão. O quadro parece ter sido executado sobre outra pintura, partes da qual ainda podem ser vistas. O fundo dos Gansos de Meidum é de um azul acinzentado e parece que o original tinha um tom mais creme que ainda pode ser visto em algumas áreas, especialmente no canto superior direito e nas laterais do ganso da extrema direita. Resta a dúvida sobre o que estaria pintado sob as aves.

O estudo provocou a ira de muitos egiptólogos que acreditam que a pesquisa de Tiradritti é baseada em teorias e não em estudos técnicos. Tarek Tawfik, diretor do Grande Museu Egípcio, por exemplo, afirmou que o trabalho é parte de uma cena maior dentro da tumba de Nefermaat, o qual, sabidamente, gostava de inovações. A prova da autenticidade da pintura está no fato do seu limite superior trazer os restos da cena encontrada na parede da tumba: pés de caçadores que estão perseguindo gansos e patos com redes. Cenas de caça aos pássaros eram comuns nas tumbas do Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.). Em resposta à teoria de que as espécies de gansos não eram as existentes no Egito, Tawfik argumentou que a área na qual Meidum está localizado situa-se na rota de migração das aves sendo, portanto, local de descanso para aves migratórias.

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VOO SOBRE AS PIRÂMIDES Vestindo um traje voador, o belga Cédric Dumont, então com 43 anos de idade, realizou, em 29 de janeiro de 2015, o primeiro voo desse tipo de esporte sobre as pirâmides e pousou nas escadarias da Grande Pirâmide de Gizé. Ele saltou de um avião e começou com uma queda livre. A seguir a façanha evoluiu para um voo com o traje especial e terminou com a descida com paraquedas. Voar sobre as pirâmides — afirmou Dumont — tem uma energia tão mística e inigualável que este foi um dos voos mais incríveis que já fiz.

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A NEFERTITI FRANKENSTEIN Um busto gigante em homenagem a Nefertiti foi erguido na entrada da cidade egípcia de Samalut, situada 245 km ao sul do Cairo, em meados de 2015. Ele provocou tanta indignação que as autoridades, constrangidas, ordenaram sua remoção. O motivo: a peça parecia mais um busto de Frankenstein do que da esposa de Akhenaton. A infeliz estátua tornou-se alvo de ridicularização on-line e os egípcios, enfurecidos, postaram mensagens nas redes sociais. Um deles escreveu:
Eu acredito na maldição faraônica, e espero que lance seus feitiços em todos aqueles que estiveram envolvidos e concordaram em distorcer a beldade de todas as beldades #nefertiti.
A NEFERTITI FRANKENSTEIN Parece que isso vai mesmo acontecer, pois uma investigação foi aberta para punir os responsáveis pelo trabalho mal feito.

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POSTER DO FILME Um pôster original do filme "A Múmia", de 1932, foi posto em leilão em Nova Iorque, em outubro de 2018, com espectativa de alcançar valor venal de um milhão e meio de dólares. O lance inicial foi estabelecido em 950 mil dólares. As cores estão surpreendentemente preservadas. A peça foi descrita como "um dos mais raros e famosos cartazes de filmes existentes e um exemplo seminal do design gráfico iniciado pelos estúdios de Hollywood durante sua 'Era de Ouro do Horror'". A venda deste cartaz realizada em 1997 estabeleceu um recorde quando foi arrematado por 453 mil e 500 dólares. Recentemente o título de cartaz mais caro vendido em leilão passou para o filme "Drácula", de Tod Browning, de 1931, estrelado por Bela Lugosi, adquirido por 525 mil e 800 dólares em 2017. Mas o preço mais alto já pago fora de um leilão por um pôster cinematográfico foi o do filme Metropolis de 1927, comercializado por 690 mil dólares em 2005. Acredita-se que o pôster de "A Múmia" seja um dos três únicos originais — um deles de propriedade privada do guitarrista do Metallica, Kirk Hammett. A obra dirigida por Karl Freund foi um dos primeiros filmes de terror e alcançou grande sucesso. O criador do pôster foi Karoly Grosz. Surpreendendo a todos, entretanto, o leilão realizado on-line fracassou porque ninguém ofereceu o lance mínimo. Seria a maldição da múmia?

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O VESTIDO TARKHAN A peça de vestuário mais antiga do mundo foi descoberta em 1913 no cemitério de Tarkhan, 50 km ao sul do Cairo, e é considerada uma raridade arqueológica. As primeiras peças de vestuário eram geralmente feitas de várias peles de animais e fibras de plantas que as tornavam propensas a se deteriorarem ao longo dos anos. Este vestido, entretanto, é uma peça de roupa tecida com linho e tem mais de 5000 anos de idade. Muitas das roupas e tecidos que os pesquisadores desenterraram têm apenas 2000 anos de idade. Roupas tão antigas quanto o vestido Tarkhan eram frequentemente recuperadas dos corpos de seus donos. Em 2015, uma amostra da roupa, pesando apenas 2,24 mg, foi analisada pela unidade de radiocarbono da Universidade de Oxford e o resultado sugere que ela pode ser anterior à Primeira Dinastia egípcia (c. 2920 a 2770 a.C.). Representações iconográficas em túmulos egípcios da Segunda Dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.) em Helwan, um subúrbio do Cairo, mostram o defunto usando roupas semelhantes ao vestido Tarkhan, indicando que a representação da roupa foi baseada em modas contemporâneas ao invés de idealizadas. O que torna este vestido diferente de outras roupas antigas é que ele é considerado uma forma muito precoce de alta-costura. Seu design com decote em V, pregas estreitas e mangas plissadas, fazem com que pareça ter saído da butique de um estilista, ou pelo menos uma versão antiga de tais estabelecimentos, e não do Museu Petrie de Arqueologia Egípcia do Reino Unido. Vincos nas axilas e cotovelos do vestido, que deve ter sido um artigo de elite, sugerem que ele foi efetivamente usado por alguém. É provável que a vestimenta quando nova tenha sido bem mais longa, passando dos joelhos do usuário.

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DIGITAIS NA TAMPA Um conjunto de antigas impressões digitais foi encontrado na superfície interna de uma tampa de caixão que pertencia a um sacerdote egípcio, Nespawershefyt, e remonta a 1000 a.C. Acredita-se que as impressões pertenciam ao artesão do caixão, o qual teria segurado a tampa antes que o verniz secasse totalmente resultando na preservação de suas digitais até hoje.

DIGITAIS NO PÃO Essa impressão digital é rara, mas não é a única. Um dos mais antigos conjuntos de impressões digitais e das palmas das mãos encontradas no Egito remonta a 1300 a.C. Pertencem a um padeiro que as deixou em um pedaço de pão destinado a se tornar alimento na vida após a morte do proprietário de um túmulo em Tebas. O clima seco e árido permitiu que o pão chato ficasse impecavelmente preservado, juntamente com as impressões do padeiro que amassou a massa enquanto ela ainda estava macia.

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CARTUCHO DA MÁSCARA

A famosa máscara de Tutankhamon não foi feita para ele e sim para Nefertiti. Pelo menos é o que o egiptólogo britânico Nicholas Reeves vem tentando provar. Segundo ele, o cartucho da dona original da máscara foi retocado e o nome substituido pelo do faraó menino. Há pouca dúvida de que o rosto da máscara seja o de Tutankhamon. Mas as diferenças no tom do ouro usado na placa frontal e no restante do adereço indicam diferentes processos de moldagem. A face não coincide com o lado oposto, isto é, o tipo de ouro e o material usado para a cor azul são diferentes entre a frente e o verso. Os vários componentes separados da máscara foram soldados entre si de forma estranhamente desalinhada e isso é outro fator que chamou a atenção do pesquisador. Outro detalhe são as orelhas da peça: elas contêm buracos usados para pendurar brincos. Isso é estranho, pois na quase totalidade das representações egípcias antigas os brincos eram uma característica reservada apenas às rainhas e às crianças. Não há imagem de qualquer rei egípcio usando brincos, afirmou Reeves, o que seria evidência de que a máscara foi feita para uma mulher. O argumento final, entretanto, foi o seguinte: sob os hieróglifos do nome de Tutankhamon foram detectados traços levemente gravados, porque foram apagados, de um nome real anterior. O trabalho foi bem feito, mas restaram traços suficientes para identificação do nome rasurado. Uma imagem bastante clara da inscrição revelou o nome de Ankhkheperure Neferneferuaten, ou seja, Nefertiti.
===Na ilustração verde as marcas em vermelho representam traços do nome apagado sob o cartucho do rei, o qual esta gravado atualmente na obra de arte como mostra a foto à direita. Na ilustração amarela vemos como teria sido o cartucho original da máscara. Foto © Ahmed Amin - Cairo Museum. Desenhos © Mark Gabolde.





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