Uma múmia é apenas um ser humano ou um animal cujos tecidos foram preservados muito tempo depois da morte. Quando alguém morre, o processo de decomposição reduz o corpo a um simples esqueleto em questão de meses. A taxa da decomposição depende de vários fatores, principalmente da natureza do ambiente circunvizinho. Na maioria dos ambientes, as primeiras fases da decomposição começam dentro de poucas horas. Na fase inicial, órgãos que contêm enzimas digestivas, como os intestinos, começam a digerir a si próprios. Depois ocorre a putrefação, a decomposição da matéria orgânica pelas bactérias. Normalmente, em ambientes temperados, a putrefação se inicia três dias depois da morte. Em alguns meses o corpo é reduzido a um esqueleto. Em ambientes mais quentes, mais úmidos, este processo é acelerado, porque as bactérias se reproduzem rapidamente em tais condições. Em ambientes mais frios, mais secos, a velocidade do processo é retardada porque as bactérias precisam de calor e água para se reproduzir. Se o ambiente for extremamente frio ou seco, ou se não houver bastante oxigênio, poucas bactérias poderão sobreviver. Neste caso, o corpo não se decomporá completamente, possivelmente por milhares de anos.
Circunstâncias naturais podem produzir uma múmia. Foi assim que se preservaram corpos em geleiras, nas profundidades de pântanos de turfa que não apresentam oxigênio e no chão árido dos desertos. Enterrados na areia quente, sem qualquer estrutura protetora, os corpos podem ter seus fluidos absorvidos pelo solo, dessecando-os completamente. Este processo natural de mumificação aconteceu nas sepulturas egípcias pré-dinásticas.
Os antigos egípcios costumavam transformar seus mortos em múmias. Isso significa que eles, por razões religiosas, tratavam o corpo morto com substâncias especiais para preservá-lo. O processo todo levava cerca de 70 dias. Em síntese, o procedimento era o seguinte:
Lavavam o corpo com água para purificá-lo.
Faziam uma incisão no corpo e removiam o fígado, os pulmões, o intestino e o estômago .
Colocavam esses órgãos em quatro vasos separados, os vasos canopos.
Inseriam uma ferramenta em forma de gancho no nariz do defunto, retiravam-lhe o cérebro e o jogavam fora.
Para secar o corpo, cobriam-no com uma mistura de um tipo de sal denomi-nado natrão e assim o deixavam por 40 dias. A substância retirava a umidade da carne e reduzia os odores. Pequenos pacotes com natrão eram colocados dentro da cavidade abdominal. O corpo era coberto com cerca de 180 quilos deste sal.
Depois disso, envolviam o corpo com bandagens dos pés à cabeça.
Decoravam o falecido com uma máscara e desenhos adequados à vida da pessoa e ao seu status social.
A palavra "múmia" foi usada inicialmente pelos primeiros viajantes árabes que visitaram o Egito. Ao verem os corpos cobertos de resina preta, os estrangeiros deduziram que se tratava de betume, um componente do piche, e deram para os cadáveres o nome de mumiya, palavra árabe que significa betume.
No alto da página, numa foto exclusiva deste site, múmia datada da XXII (c. 945 a 712 a.C.) ou XXIII (c. 828 a 712 a.C.) dinastias. Proveniente de Tebas, está exposta no Museu Egípcio de Turim. Foto © Roseli M. Comíssoli de Sá
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