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O PÁSSARO ALMA


Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

Glossário HOME PAGE
OS ANTIGOS Egípcios formularam algumas teorias a respeito dos elementos que formavam o ser humano. Um de tais elementos era o ba, palavra que pode ser traduzida por sublime, nobre, poderoso e cuja idéia se assemelha ao nosso conceito de alma. Nos papiros e monumentos ele está representado por um falcão com cabeça humana. Tanto pode ser uma estátua colocada junto da múmia, quanto uma figura adorando o Sol que se levanta ou voando acima do morto, como nessa vinheta extraída do Livro dos Mortos do escriba Ani. Aqui a múmia do falecido está deitada sobre um esquife e acima dela, na forma de um pássaro com cabeça humana, sua alma segura com as garras o shen, o emblema da eternidade.

OS EGÍPCIOS ACREDITAVAM que ao morrer as partes espirituais do ser se separavam do envoltório material do corpo. O ba, com sua forma de pássaro, ficava livre para voar e aparecer onde lhe conviesse. Podia animar o cadáver, lhe permitir realizar sua "saída à luz do dia", se refrescar às margens do Nilo, respirar o doce vento do norte, se saciar de alimentos, andar livremente, ver sua morada enquanto vivo e escapar das ameaças. De maneira genérica, o ba era a manifestação concreta da habilidade inata que a alma humana possui para assumir diferentes formas, tanto em vida quanto na morte. Tal habilidade é particularmente importante quando a pessoa está morta, pois torna-se necessário à alma deixar o túmulo durante o dia para visitar o mundo exterior, no qual ela pode se transformar em qualquer forma que lhe seja útil para alcançar seus objetivos. De noite o ba retorna à tumba e ao corpo que é sua moradia normal. Assim a alma, conforme nos explica a egiptóloga Elisabeth Delange, sem vínculos no espaço e no tempo, é no entanto atraída, como que magnetizada pelo indivíduo que ela anima, indissociável de seu "ser", do qual ela permanece a energia vital, além da morte.

A LIVRE MOVIMENTAÇÃO DO BA era muito importante na religião egípcia. Era a ligação noturna do ba com o cadáver que mantinha a múmia espiritualmente viva. Porém, se o ba fosse impedido de qualquer maneira dos seus vôos diários e da sua união com a múmia, então a múmia morreria e o espírito do defunto seria aniquilado. O resultado seria a morte espiritual total e inequívoca. Porque os inimigos de Rá estavam sempre tratando de criar armadilhas para capturar o ba enquanto ele voava de um lado para outro, ele necessitava de feitiços mágicos e ajuda espiritual que o protegessem contra tais perigos.

NO LIVRO DOS MORTOS três capítulos se destinam a ser recitados para garantir o livre ir e vir e o dinamismo do ba. A fórmula do capítulo 89 do papiro de Ani, chamada De como fazer a alma unir-se ao corpo no mundo inferior, diz:

Salve, grande Deus! Deixa minha alma vir para mim de onde quer que esteja. Se ela demorar, deixa minha alma ser-me trazida de onde quer que esteja (...). Deixa-me ter a posse da minha alma (ba), e da minha alma imortal (khu), e deixa-me triunfar com elas em todos os lugares, sejam eles quais forem. Observai, pois, ó divinos guardiões do céu, minha alma onde quer que ela esteja. Se ela demorar, faze que minha alma olhe para o meu corpo (...).
Salve, ó deuses, que rebocais o barco do senhor de milhões de anos, que o trazeis para cima do mundo inferior e o fazeis navegar sobre Nut, que introduzis as almas em seus corpos espirituais, (...) destruí o Inimigo; (...). E adimiti que a alma do falecido, triunfante, entre à presença dos deuses e que ela seja triunfante convosco na parte oriental do céu para chegar ao lugar onde estava ontem; e possa ela ter paz, paz em Amentet. Possa ela olhar para o seu corpo material, possa descansar sobre o seu corpo espiritual; e nunca pereça nem sofra corrupção o seu corpo.
Estas palavras devem ser ditas diante de um pássaro-alma de ouro incrustado de pedras preciosas e colocado no peito
do morto.
JUSTAMENTE A FOTO DE UMA DESSAS JÓIAS é o que vemos acima. Com 2,5 cm de altura e 5,95 cm de largura, essa miniatura é confeccionada em ouro, lápis-lazuli e turquesa, sendo da épóca ptolomaica e de proveniência desconhecida, pertencendo atualmente ao Museu do Louvre. Ela não tem inscrição, mas as asas estendidas em gesto de proteção não deixam dúvidas de que o amuleto visava substituir a magia do discurso. Assim, a alma "imaterial" era fixada sobre a múmia por dois anéis de sustentação, por toda a "eternidade".