Djoser
(c. 2630 a 2611 a.C.)
Djoser
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Djoser
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Djoser
(c. 2630 a 2611 a.C.)
Djoser
(c. 2630 a 2611 a.C.)
Djoser
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Djoser
(c. 2630 a 2611 a.C.)
Djoser
(c. 2630 a 2611 a.C.)
CARTUCHO DE DJOSER

Introdução

Os Faraós como Deuses

Os Faraós como Guerreiros

Os Faraós como Governantes

Os Faraós como
Seres Humanos


Os Nomes
dos Faraós


O Poder
dos Faraós


A Justiça
dos Faraós


As Vestimentas
dos Faraós


As Sandálias
dos Faraós


O Casamento
dos Faraós


As Famílias
dos Faraós


A Corte
dos Faraós


O Palácio
dos Faraós


O Lazer
dos Faraós


Os Faraós no Além-túmulo

Os Faraós no Além-túmulo
Parte 2


Os Túmulos
dos Faraós


Mulheres
no Trono


Biografias
dos Faraós


Apêndices

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BUSTO DO FARAÓ DJOSER O faraó Djoser, cujo nome significa prestigioso, admirável, sagrado, marcou profundamente com sua personalidade a época da III dinastia (c. 2649 a 2575 a.C.). Ele foi venerado e seu espírito adorado através de toda a história do Egito. Provavelmente filho do último faraó da II dinastia (c. 2770 a 2649 a.C.), Khasekhem, foi, sem dúvida, a personagem principal de uma nova época e centenas de anos mais tarde ainda era venerado por seus conhecimentos médicos e por ter sido o criador da arquitetura em pedra e protetor das letras. Quando reinava era citado em todos os monumentos e inscrições pelo seu nome de Hórus, Netjerykhet, que significa divino de corpo. O sentido por trás dessa expressão é de que o soberano está investido de um poder sagrado que o situa acima do comum dos mortais. A afirmação é de ordem religiosa e não consequência de uma tirania. O nome Djoser só apareceu pela primeira vez muitas centenas de anos após sua morte.

No entender do egiptólogo Christian Jacq, quando Djoser subiu ao trono o Egito há muito já ultrapassara o estágio da oposição entre clãs regionais e parece que a própria personalidade do monarca conduziu o país na direção da unidade nacional. Ainda que autoritário, foi também um rei justo, deixando a recordação de ter sido um homem sábio e competente.

Sua grande reputação de sábio talvez deva muito ao fato dele ter tido como primeiro ministro o célebre Imhotep, filósofo, médico, arquiteto e estadista, que foi posteriormente divinizado, considerado filho do deus Ptah de Mênfis e, finalmente, identificado com o deus grego da medicina, Asclépio. Trabalhando em conjunto, os dois homens mandaram edificar a imponente pirâmide de degraus, seus respectivos anexos e um templo mortuário no deserto que se estende por trás de Mênfis. Do reinado de Djoser em diante, Mênfis tornou-se o centro supremo do país unificado e os laços com o antigo cemitério real de Abido, no Alto Egito, foram cortados definitivamente. A pirâmide, a primeira grande edificação de pedra da civilização egípcia, mostra grande refinamento arquitetônico e decorativo quando comparada às tumbas das dinastias precedentes.

A descoberta de uma base de estátua trazendo o nome de Imhotep e seus títulos permite afirmar que este homem dirigiu a construção do complexo funerário de Djoser em Saqqara. Trata-se realmente do mais antigo monumento de pedra talhada conhecido até hoje, tanto do ponto de vista histórico quanto com relação à sua forma e técnica construtiva. O conjunto era circundado por um muro alto com nichos harmoniosamente espaçados. Aqui se reuniu todo o aprendizado acumulado com a construção das tumbas reais precedentes. Mas houve também a inovação de usar a pedra para imitar as formas de construção anteriormente elaboradas com material perecível, como adobe ou madeira. O arqueólogo Arthur Weigall descreve assim a construção dessa pirâmide:

Sobre o planalto desértico, a areia foi removida e a superfície plana do calcário sub-jacente posta a descoberto em uma grande área; na pedra cavou-se um grande poço com largura de sete metros e profundidade de 25 metros, aproximadamente, com uma escadaria descendente na rocha. O fundo do poço foi revestido de granito trazido da primeira catarata, a 800 quilômetros de distância; os blocos foram transportados por via fluvial e a seguir foram arrastados pelo deserto em trenós. Sobre esse pavimento de granito foram construídas duas câmaras de pedra cujas paredes foram revestidas de azulejos verdes vitrificados, de forma semelhante aos banheiros modernos.
Tais câmaras, bem como a escada e a passagem que lhes dá acesso, foram então recobertas de alvenaria até o nível do solo e elevou-se acima um grande quadrado de alvenaria com 12 metros de altura e 120 metros de comprimento e de largura, cujos blocos eram de pedra calcária extraídas das falésias do outro lado do Nilo. Sobre essa grande construção quadrangular, elevou-se uma segunda do mesmo formato mas um pouco menor, depois uma terceira, uma quarta, uma quinta e uma sexta, de tamanho decrescente, de forma que no final das contas o edifício oferecia o aspecto de uma espécie de pirâmide com seu cume truncado com seis enormes degraus; sua altura total atingia cerca de 60 metros.
Essa montanha de pedra, cujo branco cintilante se destacava sobre o azul, estava rodeada por um pátio pavimentado que se abria sobre uma magnífica avenida que conduzia aos campos por trás da cidade. Sobre a zona pavimentada se elevava um maravilhoso templo com grandes colunatas de pilares de calcário branco, delicadamente canelados.
Depois de mais de 4600 anos de existência, a construção continua dominando a paisagem ao seu redor e, embora as câmaras funerárias tenham sido pilhadas há muito tempo, todo o edifício sofreu apenas danos superficiais causados pelas intempéries. Os arqueólogos encontraram no local algumas esplêndidas estátuas do faraó, as quais pertenciam ao templo funerário.

Muito mais ao sul do Egito, a alguma distância de Thinis, ergue-se outro grande túmulo com a forma de um imenso retângulo longo e baixo, feito de tijolos secos ao sol, que recobre uma série de câmaras subterrâneas. Os pesquisadores descobriram em seu interior os nomes de Djoser e de sua mãe e a partir daí tornou-se impossível concluir se esta é a sepultura da rainha ou uma tumba secundária do próprio faraó. Nessa época era comum a construção de dois túmulos: um para o corpo e outro como uma espécie de cenotáfio para o espírito. Sabe-se também que esse faraó mandou construir um pequeno santuário em Heliópolis, do qual restaram poucos elementos. Um fragmento ali encontrado mostra o rei sentado, envolto por um grande manto ritual, em tamanho muito maior do que sua esposa e suas duas filhas. Sua irmã e esposa principal, a rainha Hétephernebty, segura-lhe o calcanhar afetuosamente. Os registros não apontam outras esposas ou concubinas do faraó.

Por causa de uma série de inundações insuficientes do Nilo, ocorreu nesse reinado uma grande escassez de alimentos, grassando a fome entre a população. Sobre tal assunto acredita-se que Djoser teria escrito ao governador do Alto Egito solicitando ajuda, ao mesmo tempo que lhe comunicava sua aflição e a dor que sentia em seu coração diante da grande calamidade que estava ocorrendo:

Eu te dou a conhecer aqui a aflição que me visitou no meu grande trono e a dor que sente meu coração diante da grande calamidade que está acontecendo.

A inscrição que vemos ao lado, gravada sobre um enorme bloco de granito na ilha de Sehel, perto de Assuão, descreve a inquietação do faraó Djoser em virtude da fome que o país passava. O soberano chamou Imhotep à sua presença e pediu-lhe explicações sobre as razões da catástrofe. O sábio aconselhou-o que se dirigisse ao senhor das fontes do Nilo, Khnum, o deus criador. Embora datada do 18.º ano do reinado de Djoser, os estudos revelam que a estela é do período ptolomaico (304 a 30 a.C.). Ela seria um embuste preparado pelo clero de Khnum daquela época para garantir suas rendas, referindo-se a um rei do início da história, cujas atitudes, evidentemente, seriam impossíveis de desmentir. Acredita-se, entretanto, que a narrativa possa ter um cunho de verdade. O documento reza:

Ano 18.º de Hórus Néterkhet, rei do Alto e Baixo Egito Néterkhet, Aquele das Duas Damas Néterkhet, Hórus de Ouro Djoser [que diz:] "Estou em aflição no meu grande trono e aqueles que estão no palácio estão tristes. Meu coração está grandemente inquieto, pois o Nilo durante sete anos não tem crescido o suficiente. Os grãos estão escassos, as sementes estão secas, tudo aquilo que temos para comer só existe em pequena quantidade... A criança está em lágrimas; o jovem está abatido; os velhos têm o coração triste, suas pernas estão dobradas, pois eles se encontram caídos por terra... Então, voltei-me para o passado e interroguei um homem da confraria de Íbis, o chefe dos sacerdotes-leitores, Imhotep. "Em que lugar nasce o Nilo?" — lhe perguntei — "que deus lá repousa, a quem me socorrer?" [Imhotep respondeu:] "Existe uma cidade no meio da corrente; o Nilo envolve-a. Chama-se Elefantina. O Nilo oferece a cheia... Khnum encontra-se ali... com a mão no fecho da porta, e só abre os dois batentes se lhe apetece."
A referência feita pelo sacerdote à porta fechada é uma imagem que evoca a garganta que o rio forma estreitando-se antes da cascata. Khnum era o deus que reinava naquela região e nela os egípcios acreditavam que o rio Nilo nascia de um mar subterrâneo. Os deuses daquela área tinham importância especial na medida em que podiam interferir com a inundação, sendo o deus carneiro considerado o responsável pelo controle da cheia anual. Então Djoser ordenou um grande sacrifício em honra de Khnum e das divindades que lhe faziam companhia, sua esposa Anqet e sua filha Satis. Depois disso a divindade apareceu em sonho para o faraó e lhe disse:
"Eu sou Khnum, teu criador; meus braços estão atrás de ti para abranger teu corpo... Eu sou o Senhor que cria, eu sou aquele que criou a si mesmo, o grande Nun, aquele que existe desde a origem dos tempos, Hapi que corre a seu bel-prazer... Eu farei crescer o Nilo por ti... A escassez terminará... Teu coração será mais alegre que antes."
O faraó prossegue:
"Então eu acordei; na medida em que meus pensamentos retomaram seu curso, tendo deixado minha imobilidade, fiz este decreto em favor de meu pai Khnum... em troca daquilo que ele fez por mim."
Parece que Djoser teria conquistado uma parte da Núbia, ao sul da primeira catarata do Nilo, região denominada de País de Kush pelos antigos egípcios e na qual reis anteriores, como Djer, já haviam incursionado. Expedições foram feitas às minas de turquesas do Wadi Maghara no Sinai. Entretanto, embora imagens triunfais mostrem o faraó dominando os beduínos nômades que lá viviam, as cenas têm somente caráter simbólico e refletem apenas uma presença ocassional das expedições egípcias naquela área. Uma das razões principais que fizeram o país florescer sob o comando deste faraó foi o fato de que nenhum inimigo externo parece ter ameaçado a estabilidade do Egito e durante este período de paz houve enorme progresso em praticamente todos os setores de sociedade.

Na foto do alto desta página temos uma visão parcial da estátua de pedra calcária encontrada no serdab do complexo funerário de Saqqara. Ela mede 1,42 metros de altura e representa o rei, sentado em um trono de respaldo alto, usando o manto típico do Festival Heb-Sed. Em verdade se acreditava que o faraó continuava a realizar tais festivais após sua morte, pois isso lhe asseguraria uma vida eterna. A palma aberta da mão esquerda do rei descansa sobre sua perna esquerda. Seu braço direito está cruzado sobre o tórax com a mão fechada. O adorno de cabeça conhecido como nemes cobre apenas parcialmente uma pesada peruca. A pintura negra nesta peruca e na falsa barba ainda está visível, assim como a pintura marrom em alguns locais na face. Os olhos eram originalmente marchetados com vidro. O nariz está um pouco estragado e traços da pintura de um bigode preto ainda aparece.

NomeDjoser
Avós---
PaiKhasekhem
MãeNemathap
EsposaHétephernebty
IrmãoSenáquete
Filhas---
Pirâmides construídasPirâmide de Degraus em Saqqara
TúmuloSaqqara
Múmia---