O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra O Deus Terra

O DEUS TERRA


Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

Glossário HOME PAGE
NO COMEÇO DOS TEMPOS, quando nada ainda havia sido criado, o deus-Sol existia só numa massa aquosa que cobria o universo. Então, ele concedeu duas outras deidades, cuspindo-as de sua boca: o deus Shu, personificação do ar e a deusa Tefnut, personificação do orvalho. Ambos, por sua vez, geraram duas crianças gêmeas: Geb, o deus-terra, e Nut, deusa do céu. Finalmente, Geb e Nut deram à luz quatro crianças: Osíris e sua esposa Ísis, Seth e sua esposa Néftis. Esses nove deuses compunham a enéade de Heliópolis, a mais importante congregação de deuses do panteão egípcio. Geb, que também pode ser citado nos textos egípcios como Seb, Keb, Kebb, Qeb ou Gebb, sendo originário, de acordo com a doutrina heliopolitana, de uma linhagem de importantes deuses e representando a terra, desempenhava papel de destaque na mitologia egípcia.

NA LENDA SOBRE GEB E NUT eles enfureceram o próprio avô, o deus-Sol, ao permanecerem, sem sua permissão, intimamente juntos fazendo amor em um abraço ininterrupto. , então, chamou Shu pedindo que os separasse. Shu interveio e separou-os à força, erguendo para o alto Nut que, assim, passou a ser a abóbada estrelada do céu, e deixando Geb, a terra, prostrado abaixo dela. Com a criação das primeiras quatro divindades (Shu, Tefnut, Geb e Nut), estabeleceu-se o Cosmos. Por sua vez, o segundo conjunto de deuses (Osíris, Ísis, Seth e Néftis) exercia a mediação entre os seres humanos e o Cosmos.

GEB É USUALMENTE REPRESENTADO na forma de um homem barbado trazendo na cabeça um ganso ou a Coroa Branca com adornos, conhecida por Coroa Ritual (atef). Também podia ser retratado simplemente como um ganso, palavra cuja grafia em egípcio também era Geb, e essa ave era seu símbolo, seu animal sagrado e fazia parte da grafia de seu nome em hieróglifos: HIERO GEB
Por essa associação com o ganso ele é amiúde denominado o Grande Cacarejador e sua filha Ísis às vezes recebia o epíteto de Ovo do Ganso. Geralmente surge como um homem com a pele verde ou preta, a cor das coisas vivas: a vegetação e o lodo fértil do Nilo, respectivamente. Também frequentemente era desenhado deitado de lado sobre a terra, com plantas brotando de seu corpo. Sendo o deus-terra, a terra formava o seu corpo e era chamada de A Casa de Geb, assim como o ar era chamado de A Casa de Shu, e o céu A Casa de Rá. Outra crença era a de que ele era a divindade supridora dos minerais e das pedras preciosas e, por isso, também era o deus das minas. Em síntese, era um deus provedor de tudo: pedras, alimentos, plantas que cresciam às margens do Nilo, etc. Os terremotos, acreditava-se, eram as risadas de Geb. Haja bom humor.

EM HINOS E OUTRAS COMPOSIÇÕES o deus Geb é denominado de erpa, ou seja, pai ou chefe hereditário dos deuses, numa alusão aos seus quatro filhos. Originalmente deus da terra e da fertilidade, mais tarde passou a ser uma divindade dos mortos já que é no seio da terra que os mortos são depositados. Nesse sentido ele desempenha papel muito importante no Livro dos Mortos. Ali ele aparece como um dos deuses que assistem à pesagem do coração do defunto no Saguão das Duas Verdades. A pessoa com integridade moral, conhecedora das palavras mágicas necessárias, seria capaz de se evadir da terra e Geb as guiava para o céu e dava-lhes alimento e bebidas. Os maus, entretanto, seriam presas fáceis de Geb, que, então, aprisionava o morto em seu próprio corpo — a terra. Assim como a deusa Nut era representada frequentemente na tampa dos ataúdes, Geb era representado no fundo, de maneira que o defunto ficava enclausurado entre as duas divindades.

OS EGÍPCIOS ACREDITAVAM que nos tempos pré-históricos o país tinha sido governado por deuses, que estavam fisicamente presentes. Algumas listas bem antigas de reis apresentam o terceiro faraó divino como tendo sido Geb. Rá e Shu gavernaram antes dele e Osíris, depois. O deus-terra teria defendido o direito de Hórus de ocupar o trono quando da luta deste contra Seth e, por isso, era entendido como divindade protetora do faraó. E já que os egípcios acreditavam que o faraó era a imagem viva de Hórus, o rei era conhecido como o Herdeiro de Geb. E ainda mais, em homenagem ao grande rei que ele havia sido e pela admiração que granjeara como soberano, o trono do faraó era conhecido pelo epíteto de O Trono de Geb. Uma estela do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) narra como Geb se apaixonou pela própria mãe, Tefnut. Ele a desejava ardentemente e viajou por todo o Egito até que seu pai, Shu, que era o faraó reinante, morresse. Nesse dia, Geb entrou no palácio de seu pai em Mênfis, procurou Tefnut e estuprou-a violentamente. Ao que parece, ele não foi punido por isso. Tornou-se um rei poderoso e ganhou o título exclusivo de Herdeiro dos Deuses.

NÃO EXISTIA UM DISTRITO OU CIDADE dedicada especificamente a essa divindade. Não sabemos em que localidade ela foi cultuada pela primeira vez. Sabe-se, entretanto, que uma certa extensão das propriedades do templo em Apolinópolis Magna foi dedicada a esse deus e que um dos nomes da cidade de Dendera era a casa dos filhos de Geb. Mas o seu principal centro de culto parece ter sido Heliópolis, onde ele e sua esposa Nut produziram o Grande Ovo do qual se originou o deus-Sol na forma de um pássaro conhecido pelos egípcios como Ave Benu e pelos gregos como Fênix. O ovo sempre foi, para os antigos egípcios, um símbolo de renovação, simbolismo que até hoje mantemos por ocasião da páscoa.

A CIDADE DE HELIÓPOLIS, situada poucos quilômetros a nordeste do atual Cairo, era tida como o local do nascimento dos nove deuses e onde realmente se iniciou a obra da criação do mundo. Diversos papiros ilustram o primeiro ato da criação ocorrido quando o deus-Sol apareceu no céu pela primeira vez e iluminou a terra com seus raios. Nessa documentação Geb ocupa sempre uma posição muito proeminente. Ele aparece deitado sobre o solo, às vezes com o pênis ereto, como se tentasse manter relações sexuais com Nut, para enfatizar sua característica de deus da fertilidade, com uma das mãos voltadas para o chão e a outra estendida em direção ao céu. Um dos joelhos geralmente está flexionado, bem como um dos cotovelos, simbolizando as montanhas e vales da terra. As montanhas, a propósito, eram consideradas como sendo os ossos da divindade, ou então o resultado dos seus esforços infrutíferos de unir-se à deusa Nut. Seu pai, o deus Shu, é visto ao seu lado e com as mãos erguidas para o alto suporta o céu, representado na forma de uma mulher cujo corpo está coberto de estrelas, a qual, na realidade, é a deusa Nut. A ilustraçao acima é de um papiro do Livro dos Mortos datado da XXI dinastia (c. 1070 a 945 a.C.). Na época ptolomaica (304 a 30 a.C.) Geb foi identificado com o deus grego Cronos.