Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados Os Peixes Sagrados

Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

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   O peixe de Oxyrinco que comeu o falo de Osíris. Figura em bronze do Período
                             Tardio (c. 712 a 332 a.C.). Coleção Particular.

O PEIXE ERA UM ALIMENTO APRECIADO e muito consumido pelos egípcios e formava a base da alimentação das pessoas mais pobres, o que não é nada de estranhar tendo em vista o verdadeiro viveiro desses animais que o rio Nilo representava. Os habitantes da região do delta nilótico e os que moravam às margens do lago Faium eram pescadores por profissão. Alguns peixes eram sagrados em determinadas localidades e não podiam ser ingeridos, enquanto que em outros locais podiam ser comidos livremente. Entretanto, o faraó e os sacerdotes não podiam comer peixe, identificado com o malévolo deus Seth, e nas cerimônias religiosas esse animal era considerado impuro. O historiador grego Plutarco (c. 50 a 125 d.C.) nos conta que no 1.º mês do ano egípcio, chamado de thuthi, no 9.º dia, correspondente ao 27 de julho do nosso calendário, todos comiam, na porta de suas casas, um pescado assado. Os sacerdotes, porém, não o provavam e deixavam que seus peixes fossem inteiramente consumidos pelo fogo diante de suas moradias.

EMBORA EM ALGUMAS LOCALIDADES egípcias fosse proibido consumir certas espécies de peixe em datas específicas, conforme menciona o Papiro Sallier, a maior parte da população alimentava-se de peixe normalmente. Normas religiosas, entretanto, vedavam o consumo de determinados peixes, considerados impuros pelos sacerdotes. No 28.º dia da festa que ocorria no 4.º mês do ano egípcio, més chamado de koiak, correspondente ao período compreendido entre 17 de outubro e 15 de novembro do nosso calendário, por exemplo, não se podia nem mesmo tocar em um pessoa que houvesse comido peixe. Também por razões práticas deixava-se de comer determinados peixes. Tal parece ter sido o caso do capatão, nome vulgar de uma espécie de pargo caracterizado por uma grande protuberância na parte superior da cabeça, que era poupado porque se deixava ver no Nilo quando o rio estava prestes a transbordar e, assim, era encarado como um mensageiro portador da boa nova da enchente. Por outro lado, às vezes os peixes faziam parte dos alimentos que o morto devia comer na sua nova vida no além-tumulo. Sendo comidos ou não, algumas espécies de peixes foram consideradas sagradas e até embalsamadas.

NA CIDADE DE Per-Medjed, capital do 19.º nomo do Alto Egito no período dinástico, foi venerado um peixe muito comum no Nilo, cujo nome científico é Mormyrus kannume e que é, sem dúvida, um dos mais estranhos deuses zoomorfos. A cidade tornou-se importante no período greco-romano, quando era chamada de Oxyrhynchus pelos gregos, o que significa focinho pontudo. Por isso o Mormyrus também é conhecido como peixe de Oxyrinco. Segundo Plutarco, quando Seth despedaçou o corpo do deus Osíris o seu falo, o de Osíris, não o de Plutarco, foi comido por três espécies de peixes do Nilo, um dos quais era o peixe de Oxyrinco. Também conhecido como lúcio do Nilo, esse peixe tem a cabeça pontuda, corpo achatado, coloração verde com raias verticais pardas, nadadeiras fortes e cauda triangular. Seu culto só se tornou importante a partir do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) e foi limitado ao nomo cuja capital era Per-Medjed. Os habitantes dessa região não comiam tal peixe e também não comiam os peixes pescados com anzol, pois temiam que o anzol pudesse ter fisgado fortuitamente um Oxyrinco, perdendo, portanto, sua pureza. Essa divindade fazia parte do universo da deusa Hátor e, por isso, era representada com chifres de vaca e o disco solar na cabeça.


ARQUEÓLOGOS DESCOBRIRAM, em Esna, múmias de peixes do gênero Latus niloticus, chamados pelos egípcios de aha, enterradas na areia ou em túmulos em um cemitério a oeste da cidade. Os gregos deram o nome de Latópolis a esta localidade, exatamente por causa da veneração desses peixes naquele local. São animais azulados que podem atingir quase dois metros de comprimento. O processo de mumificação consistia em injetar carbonato de sódio e untar todo o corpo do bicho com uma mistura de lodo e sal.

NO CENTRO DO DELTA DO RIO NILO, no morro conhecido como Tell el-Timai, localizava-se a cidade que foi capital do 16.º nomo do Baixo Egito na época greco-romana. Denominada Ampet, posteriormente Djedet e, finalmente, pelos gregos, Thmuis, nela se venerava uma deusa-peixe de nome Hat-mehit, conhecida como chefe dos peixes. Ela era representada sob a forma de um peixe ou de uma mulher com o emblema de um peixe na cabeça.

OUTRO PEIXE COM CONOTAÇÕES RELIGIOSAS era a Tilapia nilotica, muito representada na arte. Pelo fato de incubar e criar os ovos na boca, simbolizava para os egípcios o renascimento; devido à sua cor avermelhada, também tinha simbologia solar. Essa e outras espécies eram tidas como pilotos da barca solar de , que o advertiam da aproximação de seus inimigos, principalmente da serpente Apófis, enquanto viajavam pelo mundo subterrâneo.