OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

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GADO

Em suas tentativas de domesticar animais os egípcios procuraram amansar antílopes, gruas, pelicanos e até a abominável hiena. Entretanto, antes do período histórico os habitantes do vale do Nilo já sabiam domesticar animais como o boi, o carneiro, a cabra e o cão. Este último auxiliava na caça e na guarda dos rebanhos. No período histórico, asnos, porcos, gansos e patos também eram domesticados e os animais pertenciam sobretudo aos templos. As galinhas, porém, eram deconhecidas, o camelo só era conhecido dos habitantes do Delta Oriental e o cavalo só foi introduzido no Egito com a chegada dos Hicsos, por volta de 1640 a.C.

Os bovinos eram os animais domesticados mais comuns no Egito antigo. As pessoas do povo os criavam principalmente para usá-los como força de tração e para beber do seu leite. Grandes rebanhos bovinos foram mantidos pelas propriedades reais, pelos nobres e pelos templos. Bois e asnos serviam para puxar o arado, para separar os grãos da palha e para o transporte. Vacas e bois também forneciam carne para a alimentação e eram sacrificados aos deuses. Uma vez sacrificados, os animais eram oferecidos à deidade como parte dos rituais dos templos. A carne era depois dividida entre os sacerdotes e os funcionários do templo como parte de seus pagamentos. Desta maneira, os animais mortos forneciam comida para os deuses e para aqueles que serviam aos deuses dentro dos templos.

O estábulo dos bois era situado não longe da casa senhorial e dos celeiros, e no mesmo recinto – conta Pierre Montet. Os eguariços dormiam no estábulo para proteger dos ladrões o gado que estava à sua guarda e para estarem prontos a tratar dos animais logo de manhã cedo. Era a um canto destas modestas casas de terra amassada, negras, interior e exteriormente, que eles preparavam a ceia e guardavam as provisões. Caminhavam pesadamente carregados, à frente ou na retaguarda do rebanho. Para serem mais rápidos, dividiam o seu fardo em duas partes iguais, em jarras, cestos, canistréis que juntavam dentro de um grande pano. Se só tinham um fardo transportavam-no às costas, atado a um pau.

O cão já era, desde aquela remota antiguidade, um dos melhores amigos do homem. Tinha livre circulação nas moradias e as ilustrações mostram-no alojado sob a cadeira de seu dono. Eram também companheiros inseparáveis dos pastores, ajudando-os a reunir e guiar os rebanhos. Galgos, rafeiros e lebréus foram algumas das raças preferidas em épocas distintas. Os cães possuiam nomes e alguns foram até representados em estelas e enterrados perto de seus donos. O cão de nome Bahika entrou para a história ao ser retratado em uma estátua em pé entre os joelhos do seu proprietário, o rei Antef. Os arqueólogos encontraram uma sepultura de cães na cidade de Abido entre túmulos de mulheres, arqueiros e anões e outra em Siut. Apesar de tais homenagens prestadas aos cães, curiosamente nunca se vê representado nas ilustrações um homem acariciando ou brincando com o animal.

Outro animal doméstico era o macaco, o qual desde o Império Antigo frequentava as casas e divertia seus moradores com pulos e caretas. Sempre foram apreciados por seu comportamento caprichoso e brincalhão. Frequentemente instalava-se na cadeira de seus donos. As crianças os adoravam e, às vezes, eram vítimas de suas brincadeiras. Por ocasião do amadurecimento dos frutos os macacos subiam às árvores e colaboravam na sua colheita. Ainda que comessem uma porporção maior de figos ou tâmaras do que aquela que colhiam, os egípcios viam com bons olhos essa "ajuda". Como tinham que ser importados de grandes distâncias e a um custo considerável, a posse de macacos indicava a riqueza e o status social de seu dono.

Até a época do Império Médio os gatos não eram admitidos nas casas. Viviam nos brejos alimentando-se de pequenas aves. Quando foram aceitos nas residências, colocavam-se por debaixo da cadeira de seus donos e, às vezes, saltavam para seus joelhos. Alguns usavam coleiras. Geralmente se davam bem com o macaco e o ganso, o que não afasta a existência de eventuais conflitos, cuja vitória podia pender para qualquer lado.

O ganso era outro dos animais que disputava o espaço disponível sob a GANSOcadeira do dono da casa. Ao contrário das demais aves de capoeira, que ficavam confinadas, o ganso do Nilo podia circular livremente nos pátios e jardins e até mesmo dentro de casa. Apesar dos malefícios que podiam causar bicando frutos e engolindo sementes, eram tolerados em liberdade, talvez pelo fato de serem excelentes guardas com seu grito rouco. Por outro lado, forneciam ovos, carne e gordura. A ilustração acima mostra parte de um painel conhecido como Os Gansos de Meidum. Veja outro aspecto do mesmo painel clicando aqui.

O cavalo, além de tardiamente introduzido na civilização egípcia, não era habitualmente utilizado como montaria, mas sim para puxar carros usados na guerra.

A figura que aparece no alto desta página é um detalhe de um fragmento de pintura mural da tumba de Nebamon, escriba dos celeiros, da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), mostrando uma cena de transporte de gado para inspeção. Para ver todo o fragmento da pintura, clique aqui. O gado é mostrado em dois grupos e os escribas anotam quantos são. Na parte superior da pintura os pastores se curvam diante de um escriba que está tomando notas ou contando o gado. Na parte inferior um pastor se sobressai ao centro, segurando um rolo de corda. A parte esquerda da pintura, onde a figura de Nebamon deveria dominar, não sobreviveu. O gado é mostrado em cinco camadas, um por trás do outro, e as cores alternadas de suas peles ajudam a separar os animais visualmente.


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