Que tipo de perfumes os antigos egípcios teriam usado? Cientistas do Museu Egípcio da Universidade de Bonn, na Alemanha, estão tentando responder a esta pergunta. A partir de resíduos encontrados no fundo de um frasco metálico selado pertencente à rainha Hatshepsut (c. 1473 a 1458 a.C.), estão procurando recriar o perfume usado por ela. Afinal, embora tenha reinado como um homem, preferia ter o cheiro de uma dama. É provável que um dos componentes fundamentais seja incenso, produto extremamente valioso na época, considerado como o cheiro dos deuses, e só usado para incensar os reis e as divindades nos templos. No Egito antigo os perfumes, sempre alguma espécie de óleo, eram produtos para a classe alta apenas. Embora o uso de perfume fosse comum entre as senhoras da alta-sociedade, nem elas usaram a rara planta de incenso. Para fazê-lo, os egípcios usavam flores locais, frutas e madeira aromática, emergindo os materiais em óleo não aromático até que o cheiro fosse absorvido pelo óleo. Durante seu reinado Hatshepsut enviou uma expedição a Punt, a moderna Eritréia, de onde trouxeram bens preciosos como ébano, marfim, ouro e incenso. Aparentemente a expedição trouxe árvores de incenso inteiras que foram plantadas nas redondezas do templo funerário da rainha. Frascos com este formato eram tradicionalmente usados para conter perfumes. Ele foi submetido ao Raio X e nas radiografias podem ser vistos claramente os resíduos dissecados de um fluido. Os sedimentos serão analisados, divididos em seus elementos constituintes e talvez até o perfume possa vir a ser reconstituído. Seria a primeira vez que se recriaria uma essência egípcia. Como o ser humano pouco se modificou ao longo dos séculos, muitos fabricantes de perfumes europeus já expressaram interesse em fabricar e comercializar a possível fórmula sob o nome de Hatshepsut ou Faraó, dando um enfoque publicitário que atraia as mulheres que detém poder hoje em dia.
ATUALIZAÇÃO
Em 2011, após dois anos de pesquisas, os cientistas descobriram uma substância carcinogênica no frasco, abrindo a possibilidade de que Hatshepsut tenha se envenenado acidentalmente. O frasco contém o tipo de ácidos gordurosos usados para aliviar as infecções de pele que ela sofria. Também foi encontrado benzopireno, um hidrocarboneto aromático presente na fumaça do cigarro e altamente cancerígeno, além de óleo de noz moscada e óleo de palma. Há algum tempo se sabe que a rainha sofria de câncer ósseo e deve ter morrido por isso em torno dos 50 anos de idade. Agora talvez tenha sido descoberto o que causou a doença. Se ela usou com regularidade a pomada contida no recipiente para aliviar a coceira causada por sua enfermidade crônica, pode ter se exposto a um grande risco ao longo dos anos.
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