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O TOURO BUCHIS


Introdução
Touro Ápis
Touro Mnévis
Touro Buchis
Babuíno
Chacal
Lobo
Íbis
Leoa
Gata
Falcão

Sol no Horizonte

Hórus de Edfu
Hórus Antigo
Hórus Menino

Hórus, Filho
de Ísis


Olho de Hórus
Filhos de Hórus Deus da Guerra Leão
Escaravelho

Carneiro de Amon

Carneiro de Khnum


Escorpião
Deus Terra

Guardião dos Horizontes

Pássaro Alma
Fênix
Bode
Crocodilo
Hipopótamo
Vaca
Peixes
Abutre

Naja da Colheita

Naja do Cume do Ocidente

Serpente Uraeus

Serpente Apófis

Serpente Defensora

Serpentes do Inferno

Glossário HOME PAGE
BUCHIS ERA O touro sagrado adorado em Hermôntis, cidade do quarto nomo do Alto Egito a sudoeste de Tebas, e simbolizava o poder da fertilidade, estando ligado aos cultos de e Osíris, dos quais era considerado o ba, ou seja, uma espécie de alma. Juntamente com o falcão, era, ainda, um dos dois animais relacionados com o culto de Montu, o deus da Guerra. Para ser escolhido como animal sagrado o touro deveria ter o corpo branco e a cabeça preta e, a exemplo do que acontecia com os touros Ápis e Mnévis, um único animal era cultuado de cada vez. Seu oráculo foi um dos mais famosos da antiguidade. Macrobius, um escritor romano que viveu no V século da nossa época, registra a implausível informação de que o animal mudava de cor a cada hora.

AO MORRER ERA MUMIFICADO E ENTERRADO em uma câmara subterrânea, com a mesma pompa de um rei, em um sarcófago de granito ou arenito, cuja tampa podia pesar até 15 toneladas, e junto a um valioso espólio. Uma ou mais estelas funerárias eram colocadas nas tumbas, de forma semelhante ao que se fazia com os seres humanos. O local de enterro desses animais sagrados, que foi localizado pelos arqueólogos Walter Bryan Emery e Robert Mond, em 1927, fica no limiar do deserto, a norte de Hermôntis, e recebeu o nome latino de Bucheum, do egípcio antigo bekh. A sepultura mais velha lá encontrada é do reinado de Nectanebo II (360 a 343 a.C.) e a mais recente da época de Diocleciano (284 a 305 d.C.). Portanto, esse cemitério foi utilizado por um período de aproximadamente 650 anos. Entretanto, acredita-se que tenha havido enterros desses animais em épocas mais remotas, pelo menos desde a XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) ou até mesmo antes, mas nada ainda foi encontrado para confirmar as suspeitas.

AS MÃES DESSES BICHOS eram consideradas manifestações da deusa Ísis e também eram sepultadas em necrópoles especiais nas proximidades. A figura do alto da página mostra parte de uma estela ali descoberta, erigida por Ptolomeu V Epifânio (205 a 180 a.C.), que bem ilustra os dois animais de Montu: o touro, trazendo entre os chifres um disco solar, duas plumas e dois uraeus, e, acima dele, o falcão, com um leque nas garras. O touro Buchis continuou a ser adorado pelos gregos e depois pelos romanos e seu culto permaneceu vivo até quase 400 anos na nossa era.

NO PERÍODO Saíta (664 a 525 a.C.) o touro Buchis foi adorado na localidade denominada Nag el-Medamud, situada a oito quilômetros a nordeste de Luxor. Nesse local, como vemos na foto ao lado, ainda está parcialmente de pé um templo do Período Greco-Romano (332 a.C a 395 d.C.) dedicado a Montu. Atrás dele há um segundo templo dedicado ao touro sagrado do deus, sendo que algumas de suas salas devem ter servido para abrigar o próprio animal.

ALGUNS DOS CORPOS DESTES TOUROS encontrados pelos arqueólogos forneceram informações sobre o processo de mumificação pelo qual passaram. As múmias eram preparadas pela remoção dos órgãos internos através do ânus. Empregavam, provavelmente, terebentina ou algum outro óleo resinoso, o qual era injetado nas cavidades do corpo e lá mantido até que as visceras se dissolvessem e pudessem ser extraídas por aquele orifício. Em seguida o animal era, possivelmente, mergulhado em natrão para sofrer um processo de desidratação, antes de ser envolto em bandagens. Todos os corpos desses touros estavam fixados numa posição padrão em pranchas de madeira através de grampos metálicos, os quais prendiam suas pernas dianteiras e traseiras no lugar. As bandagens, segundo indicam suas posições relativas em relação às pranchas, eram inicialmente passadas através dos grampos para prender o touro à madeira e, a seguir, enroladas no animal. A posição de esfinge deitada na qual os animais estavam presos não é natural aos bovinos e para consegui-la era necessário cortar os tendões, liberando assim as pernas sem necessidade de quebrar qualquer osso. A cauda era colocada sob a perna traseira direita. Um apoio de madeira colocado debaixo do queixo suportava a cabeça do bicho e a múmia inteira era coberta por uma mortalha. Os touros usavam máscaras cobertas por folhas de ouro com incrustração de olhos artificiais.

ESSES TOUROS FORAM ENTERRADOS de forma similar ao que acontecia com os touros Ápis. Seus túmulos, entretanto, eram estruturas destinadas a um só animal, construídas e cobertas por abóboras, ao invés de serem cavernas coletivas cavadas na rocha. Todas as tumbas encontradas datam do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) e enquanto algumas delas contém grande quantidade de equipamento funerário, outras abrigam apenas a múmia e pouca coisa mais. Os últimos animais enterrados foram deixados nos corredores de passagem que ligavam as tumbas, o que não ocorreu nos túmulos dos touros Ápis. Também foram encontradas estelas com textos similares àqueles encontrados no Serapeum. Trecho de uma delas, da época de Ptolomeu IV Filopator (221 a 205 a.C.), diz o seguinte:

Nesse dia a majestade desse nobre deus subiu aos céus, o benéfico Ba, o Ba vivo de Rá, a manifestação de Rá, que nasceu de Ta-Amen. A duração da sua vida foi de 18 anos, 10 meses e 23 dias. O dia em que ele nasceu foi o vigéssimo do mês epiphi do 13º ano da vida do Rei do Alto e do Baixo Egito, Ptolomeu, que viva para sempre, amado de Ísis, no distrito de Ombos. Ele foi entronizado em Armant no dia 15 do mês thuthi do 25º ano. Possa ele permanecer em seu trono para todo o sempre. A majestade dessa nobre divindade subiu aos céus no dia 12 do mês payni do ano 8...