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MÚMIA FALSA DE UM GATO A desonestidade é tão antiga quanto a humanidade. Aproximadamente quinhentos anos antes de Cristo os egípcios que compravam oferendas de múmias para ofertá-las à sua divindade preferida eram enganados por embalsamadores que lhes vendiam produtos falsos. A figura ao lado mostra o raio-X digital da pretensa múmia de um gato que faz parte da coleção do Field Museum de Chicago. Os técnicos descobriram que nenhum pedacinho sequer de gato se encontra dentro do pacote. Existe apenas algodão e pequenos galhos para manter a peça firme. Ao que parece os antigos estavam tão sujeitos a velhacarias e fraudes quanto estamos hoje em dia.

É bem provável que a pessoa que comprou a falsa múmia tenha feito dela uma oferenda a Bastet, a deusa gata. Os padrões da mumificação decaíram muito por volta da XXV (c. 770 a 657 a.C.) e XXVI (664 a 525 a.C.) dinastias. Nesse período pessoas sem qualificação para o ofício começaram a fabricar caixões em grande quantidade. Às vezes as múmias não cabiam dentro dos ataúdes e tornava-se necessário quebrar os ossos ou arrancar um pedaço do caixão. A múmia verdadeira de um antílope que foi examinada no raio-X pelos técnicos daquele museu revelou pedaços de metal em seu interior, destinados a fornecer mais peso e estabilidade, bem como ferramentas usadas no processo de mumificação e esquecidas no interior das bandagens, uma das quais parece uma combinação de uma agulha de sutura com um anzol de pesca.

Os sacerdotes do deus Sebek, pelo jeito, não eram mais honestos. Em Hawara, bandagens cheias de lixo tornaram-se fonte de renda para os vendedores de múmias de crocodilo. A ciência médica moderna vem revelando essa safadeza. O Museu Fitzwilliam, em Cambridge, nos Estados Unidos, mandou examinar, por tomografia computadorizada, dois pretensos filhotes de crocodilo embalsamados. Os adoradores que compraram o que pensavam ser múmias de animais, provavelmente, as enterraram em covas rituais como oferenda àquela divindade. Um decreto faraônico da época estabelecia que cada múmia deveria conter o corpo de um animal. Um dos pacotes examinados continha apenas uma pequena vértebra e o outro, um punhado de palha, trapos e lama sem nenhum pedaço de animal de qualquer espécie.

MÚMIA FALSA A múmia que vemos ao lado pertence a um museu de uma cidade norte-americana chamada Geneva. Enrolada em tiras de linho cor de cafè e parecendo abraçar uma criança, o objeto sempre foi grande atração do Fabyan Villa Museum. Um dos ossos da perna rompeu as bandagens e o morto arreganha os dentes. Mas não tenham medo, essa múmia jamais sairá andando dizendo: "Toma que o filho é teu". Na realidade ela é uma fraude e por baixo dos panos só existe um osso: de um cachorro. É considerada uma boa falsificação, pois durante muitos anos enganou seu proprietário, George Fabyan, um rico empresário de Chicago que mantinha um museu particular de curiosidades que foi tornado público após sua morte. Foi só em 1982 que uma radiografia revelou a verdade. Atualmente o museu usa a falsa múmia como atração das lições sobre a história do Egito e a prática da mumificação. Embora falsa, as crianças ainda se impressionam bastante com ela. Alguns meninos estancam diante dela e algumas meninas nem conseguem chegar perto. Fabyan tinha o hábito de comprar mercadorias não reclamadas das estações ferroviárias e a múmia deve ter vindo em uma destas remessas antes de 1945.