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MUMIA

Com o objetivo de identificar uma múmia que provavelmente seria a de Hatshepsut, foi montado no Museu Egípcio do Cairo, em 2007, um laboratório permanente para testes de DNA. Esse laboratório é a peça central de um plano ambicioso para identificar múmias e reexaminar a coleção das múmias daquele museu. O equipamento inclue um analisador genético que permite visualizar sequências de DNA e armazená-las eletronicamente. Modernas tecnologias forenses são utilizadas para testar os antigos DNA deteriorados. A maior prioridade consiste em manter o DNA livre de contaminação por germes, sujeira e DNA de outras pessoas.

O processo para obtenção do DNA de uma múmia não é simples, mas é possível. A melhor fonte para se obter resultados precisos está no DNA encontrado no núcleo da célula, porque contém informação do pai e da mãe. Mas o DNA das múmias normalmente está tão deteriorado que as chances de achar DNA utilizável nos núcleos são pequenas. Outro tipo de DNA muito mais freqüentemente encontrado nas células pode ser usado, mas não é tão conclusivo porque só pode fornecer informações do lado materno. O propósito principal do laboratório é o de ajudar na identificação de múmias que foram removidas de suas tumbas originais e esclarecer relações familiares entre faraós e cortesãos das antigas dinastias egípcias. Após a morte, o DNA se quebra no corpo humano. As técnicas modernas conseguem pegar fragmentos da molécula de DNA e ampliá-los, produzindo DNA suficiente para testar características e padrões únicos que possam indicar relações familiares.

A preservação das bordas do DNA é afetada não só pela idade da múmia e pelas condições nas quais ela foi armazenada, mas também pelos métodos extremos de mumificação usados pelos egípcios. Tudo isso pode contribuir para um alto grau de contaminação e tornar os resultados não perfeitamente seguros. Curiosamente, o natrão, se corretamente aplicado, parece preservar o DNA, mas diferenças nas técnicas de preservação e algumas situações como, por exemplo, se uma tumba foi inundada, causam um efeito danoso. Os pesquisadores determinaram que a chance do DNA sobreviver nas múmias anteriores ao Império Novo (c.1550 a 1070 a.C.) é bastante remota. As múmias do Império Novo são as que mais chances oferecem de bons resultados, mas só se suas condições forem perfeitas.

Secundariamente, o fato da realeza do Império Novo casar-se dentro da família pode causar um problema. Esse problema poderá ser maior com relação aos membros da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), os quais estão muito intimamente ligados uns aos outros como resultado de gerações de meio-irmãos casando-se entre si. É bastante possível que os registros familiares do DNA possam não ser suficientemente precisos para identificar uma múmia específica.

No caso de pessoas vivas ou recém falecidas pode-se extrair DNA da saliva, do cabelo, ou da pele, mas para restos mumificados muitos dos materiais típicos de amostragem não serviriam. Então são usados grandes ossos do corpo como o femur e o quadril porque, sendo mais fortes e desenvolvidos, provavelmente abrigam medula óssea ou tecido dos quais se pode tentar extrair DNA.

Na ilustração do topo desta página vemos
uma das múmias expostas no Museu Egípcio de Turim
Foto © Roseli M. Comíssoli de Sá